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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Uma visita às trincheiras da Veja – parte 1

Reinaldo Azevedo

Anatomia dos blogs podres da maior revista semanal do país

Por Carlos T. Moura

Maria Arone - 04/11/2010 às 23:34· Para esse velhaco sumir, só um acidente, ou um infarto fulminante. Mesmo morto, é capaz do cara ficar por aí assombrando o Brasil. ( comentário publicado no blog de Augusto Nunes, serviçal dos civitas, em resposta a um artigo sobre o destino de Lula depois do fim dos mandatos)

Na balbúrdia das eleições – pré e pós – tive uma literal recaída. Bati um dia às portas dos blogueiros da Veja. Sabia que eram câmaras de horrores, mas desconhecia sua profundidade infernal.

Os dois principais colunistas – Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo – dominam o pedaço. Seria um paradoxo que, naquele espaço, botassem algo diferente de insultos, preconceitos, vaticínios simplistas e destilação de ódio. Independência crítica, lá, é proibida. Ambos estão ali num claro papel de capachos de seus amos. Ou seja: um suporte atlético e mirabolante à insistente (e inglória!) campanha negativa que Veja destila, há anos, contra Lula, o PT, seus aliados e simpatizantes e, por que não dizer, contra a maior parte do Brasil.

Não poderia ser diferente, são pagos para isso. Não vamos querer que traiam seus patrões, coitados.

São poleiros aconchegantes, para os que gostam da catinga inerente. Livre das páginas impressas, onde se exige um certo pudor - por se tratar de uma revista que frequenta os melhores consultórios do país -, ali se exerce livremente o mais baixo jornalismo. Um vale tudo esperneante e pirotécnico, com a interação de uma platéia voraz e violenta, cujos comentários vão do bruto rancor aos mais deslavados preconceitos sociais. Com a perda da eleição, virou um deus-nos-sacuda.

Sendo um círculo fechado, fica a indagação: para que servem? Se for para uma realimentação do ódio, não vejo resultados práticos. Se naqueles quintais não pousam aves estranhas – e veremos como – qual a graça? Suponho que esse grupo de leitores desarvorados represente economicamente um papel importante nos retornos financeiros da revista. Devem ser consumidores de alta classe: Miami, boiada em Barretos, estátua da liberdade na Barra da Tijuca, outlets em Nova Jérsei, blackberries, neve em Bariloche.

A platéia de Reinaldo Azevedo é mais “ groupie”, próxima ao fanatismo, até porque seu mentor parece padecer de uma psicopatia política. A idolatria leva seus “ súditos” a tratarem-no por "Rei”, vejam a sutileza. Por se julgar majestático, Reinaldo não se digna a responder a seus “escravos”. Seus textos são expelidos como se escritos por Zeus ou por Lúcifer, dependendo do ângulo. Narra como se o mundo inteiro estivesse aos seus pés - todos os políticos, todos os artistas, todos os cientistas, todos os cronistas , a classe média de gravata e a plebe esfarrapada inteira.

Augusto Nunes é diferente. Responde às vezes. Se for um elogio – bom, 99% são– ele escolhe alguns, os que mais lhe puxam o saco. Há mensagens ocultas em que agradece a alguém. Parecem ser informações de cocheira (eu disse cocheira? escapou-se-me a palavra, apud Millôr). Seu brilho se dá mesmo quando desponta um tentando criticá-lo. É imediatamente enxotado a pontapés, com a truculência de um leão de chácara. Tratado por “ petralha “, “miliciano”, “ besta quadrada”, “imbecil”. Tudo com a “finesse” que lhe é peculiar. Tem preferência por massacrar os que cometem erros ortográficos, mostrando-lhes sua intimidade com a flor do Lácio. Embora, por ironia, uma parte de seus servos fanáticos sejam nitidamente iletrados. Poderia pedir ajuda a um aliado recente, o Ferreira Gullar, e procurar saber se ainda está valendo esse negócio de crase não humilhar ninguém.

É impressionante como se dão importância e se levam a sério. Escrevem como se estivessem no Sinai erguendo as tábuas das leis, quando se sabe que sua platéia não enche sequer um campo de futebol de várzea. Frequentá-los durante alguns dias foi um exercício de sadomasoquismo ao qual não me proponho repetir.

Reconheço que os blogs de posições opostas também estão coalhados pelos que aplaudem o colunista. Mas há notórias diferenças. O nível do proseado é infinitamente superior e a presença eventual dos contrários nunca é enxotada aos empurrões. Pelo menos pelo dono da página.

Vou contar aqui, entre outras, como consegui penetrar neles (ops!). Para fazê-lo tive que usar a técnica da paz e do amor e uma boa dose de cinismo, que passou despercebida pela “ suprema inteligência” dos donos. Dá pra rir e chorar. Depois eu continuo.

Um comentário:

  1. Moura, parabéns pelo estômago de conseguir se auto flagelar dessa forma.

    Recomendo a leitura, por todos que passarem por este blog, do "Dossiê VEJA", produzido pelo jornalista Luís Nassif. Segue o link:

    http://sites.google.com/site/luisnassif02/

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