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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

As nossas custas

 O texto abaixo foi escrito por Anderson Fuscão e enviado pelo Vanderlei Pequeno.

Anderson é líder do Movimento Negro Dandara (ONG do bairro Ana Carrara) e membro da executiva municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) de Cataguases/MG.
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As nossas custas
Anderson Fuscão


“Leve um homem e um boi ao matadouro; aquele que berrar
é o homem. Mesmo que seja o boi”
Torquato Neto


            Me conta o amigo Antônio José da Silva, o Hulk, que quando  viajava a negócios de Minas para ao Rio de Janeiro, ao cumprimentar um proprietário de uma Loja de  bijuteria,  com um “Tudo Bem, senhor Ramos? “recebia dele a seguinte resposta:

 - Às minhas custas.

            Sem dúvida, uma resposta ríspida, se considerarmos que o senhor Ramos, apesar de não ser detentor de cargo eletivo, deveria se  considerar um homem público, ou seja, aquele que precisa, para manter os seus negócios, estabelecer com o “público”, uma relação de cordialidade. Para o bem dos dois lados.

Este exemplo do senhor Ramos, vem nos servir de base para que juntos (você companheiro leitor e este que vos escreve) possamos construir uma idéia ante o trabalho do poder legislativo municipal, no qual a figura do vereador detém as ferramentas voz e voto, para desempenhar a sua função parlamentar tomando decisões para promover a melhoria da cidade, este espaço público onde vivemos e convivemos.

            E as demandas deste espaço público são muitas e diversificadas. O vereador, este personagem que discute e decide em nosso nome, não tem que necessariamente possuir uma “visão caolha” do que vem a ser uma cidade ideal, a ser construída. Não deve também  atuar de forma  reducionista, estreita, só atribuindo prioridade e valor  às demandas de sua base eleitoral. Esse tipo de parlamentar é conhecido como o “vereador de bairro”.  Não existe mais abominável.

A cidade é um organismo vivo, enorme, com número de bairros muito superior ao número de cadeiras de uma Câmara Municipal. É aceitável a limitação dos vereadores que entram num mandato parlamentar sem a noção do exercício parlamentar e, até mesmo das diversificadas necessidades da população. Uma coisa é ser eleito do povo sem experiência parlamentar ou conhecimento mais profundo da realidade. Isso é natural. O tempo e o esforço pessoal do político se encarregam de ensiná-lo como se desenvolve um trabalho de vereança. O que não  se pode aceitar  é o homem  público sair de seu mandato menor que entrou: apático, vazio e sem nenhuma decisão ou projeto relevante para o a melhoria do município.

As questões mais importantes da sociedade dependem das decisões dos vereadores e da Câmara Municipal.  Assuntos como Saúde, Educação, Saneamento Básico, Transportes, necessidades primordiais na vida das pessoas, dependem no dia-a-dia das decisões políticas a serem tomadas por esses homens públicos em nosso nome.

A nossa vida  começa e termina na Política. Seremos melhores ou piores cidadãos dependendo do melhor ou pior trabalho do nosso núcleo de poder do qual faz parte a  Câmara Municipal. Daí a importância da nossa “Casa do Povo”.

Por isso, quando você  encontrar um parlamentar cheio de si e nada do povo e se,  por ventura,  ele lhe perguntar se está tudo bem, responda-lhe educadamente:

- As coisas vão melhorando aos poucos.

Não é necessário ser curto e grosso, como o senhor Ramos, mas deixe transparecer também pra ele que você tem a consciência de que,  no espaço público, os serviços necessários são mantidos às suas custas. E que você espera um bom trabalho dele.

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