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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Hildegard Angel e dona Marisa Letícia (do Advivo, de Luis Nassif)

Marisa Letícia, italiana, cara de nordestina, feliz com o botox


Hildegard Angel, inteirona aos 61




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Danuza: a teoria na "plástica" não funciona










Hildegard Angel honra a memória da mãe e do irmão com um texto finíssimo sobre Marisa Letícia, a primeira dama de São Bernardo.

Da mesma forma, um comentário no mesmo blog (de Antônio CDS) acerta também na mosca, mandando pra escanteio outra mulher que vem fazendo o contrário: desonrando a memória da irmã e do pai.

Vejam:

"Nem deixou escapar uma ponta de maldade na referência à estética:

Enquanto Dona Marisa melhorou, aquela que fez a crítica às festas juninas, outrora desejável mulher, hoje se tornou um frankenstein deformado por cirurgias plásticas."

Referência clara à canastrona das pontas dos filmes de Gláuber Rocha - uma tal Danuza.

Para as gerações mais novas dispensarem a ida ao Google, esclareço:

- o irmão da Hilde foi o Stuart, morto pela ditadura, cujo corpo nunca apareceu; a mãe foi a Zuzu, a guerreira estilista que lutou até morrer e não conseguiu enterrar seu filho - uma heroína de tragédia grega da cabeça aos sapatos

- a outra, hoje um zumbi que dá os braços ao diogo mainardi, é irmã da Nara (precisa apresentação?) e filha do Jairo Leão, que era amigo do Manuel Bandeira e outros.

(Carlos Moura)

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OS ATAQUES IMPLACÁVEIS A MARISA LETÍCIA

Por Hildegard Angel

Foram oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas. Jamais foi chamada de "a Cara" por ninguém, nem teve a imprensa internacional a lhe tecer elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua defesa. À "companheira" número 1 da República, muito osso, afagos poucos.

dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E - pior de tudo - os boatos infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a família?

Ah, meus queridos, Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter coragem e estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E ela teve.

Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido nas solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da mulher mãe de família em nossa sociedade.

Depois, implicaram com o silêncio dela, a "mudez", a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais do que evidente de sua sabedoria. Falar o quê, quando, todos sabem, primeira-dama não é cargo, não é emprego, não é profissão?

Ah, mas tudo que "eles" queriam era ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as palavras para, mais uma vez, com aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar, compará-la à antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar pomposo de doutorados e mestrados.

Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e reservada, como tem Marisa Letícia.

E não são também em grande número aquelas que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele. E isso não é um mérito? Não é um exemplo bom?

Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade.

Foi um apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente, decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas. A mais singela de nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de nossas preferências, nossa culinária, os jogos e brincadeiras. Prestigiando o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural. Fizeram chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do casal lhes causasse desconforto.

Imprensa colonizada e tola, metida a chique. Fazem lembrar "emergentes" metidos a sebo que jamais poderiam entender a beleza de um pau de sebo "arrodeado" de fitinhas coloridas. Jornalistas mais criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo Santo Antônio, levado pelo presidente em estandarte nas procissões, não é aprendida, nem inventada. É legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio João Casa), de família de agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de Bérgamo, Marisa até os cinco de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o avô paterno, Giovanni Casa, devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio. Até hoje ela existe, está lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o nome da família de Marisa, Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas raízes, na periferia de São Bernardo do Campo. Os Casa, de Marisa Letícia, meus amores, foram tão imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram a construir o Brasil.

Outro traço brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio às cores nacionais, sempre reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras de costureiros nossos, nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de quem gosta de copiar a moda estrangeira. Eram os coletes de crochê, os bordados artesanais, as rendas nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é conversa fiada.

No poder, ao lado do marido, ela claramente se empenhou em fazer bonito nas viagens, nas visitas oficiais, nas cerimônias protocolares. Qualquer olhar atento percebe que, a partir do momento em que se vestir bem passou a ser uma preocupação, Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se, depurou o gosto, dando um olé geral em sua última aparição como primeira-dama do Brasil, na cerimônia de sábado passado, no Palácio do Planalto, quando, desculpem-me as demais, era seguramente a presença feminina mais elegante. Evoluiu no corte do cabelo, no penteado, na maquiagem e, até, nos tão criticados reparos estéticos, que a fizeram mais jovem e bonita.

Atire a primeira pedra a mulher que, em posição de grande visibilidade, não fez uma plástica, não deu uma puxadinha leve, não aplicou uma injeçãozinha básica de botox, mesmo que light, ou não recorreu aos cremes noturnos. Ora essa, façam-me o favor! Cobraram de Marisa Letícia um "trabalho social nacional", um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária de Ruth Cardoso. Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se enrascar numa das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a área social.

Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa, arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo.

Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula, um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam. Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos.

Tivesse dito tudo isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer a Justiça que merece.




14 comentários:

  1. Existem pessoas coerentes nesse país.
    Eduardo Rocha

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  2. Caríssima Hildegard,
    parabéns pela bela homenagem a Dona Marisa.
    De fato, esta imprensa medíocre, mesquinha de
    secos & molhados ficou oito anos com suas lentes
    tentando desprestigiá-la em todos os momentos.
    E você com seu comentário lavou a nossa alma.
    Sergio Caldieri - Niterói -RJ

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  3. Que linda homenagem!!! Obrigado por compartilhar conosco Moura.

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  4. Hildegard que bela homenagem a essa mulher tão especial.Que ela sirva de exemplo para nós em dias em que a mulher tem feito escolhas tão desequilibradas para ela e os que a rodeiam.
    A você obrigada por tão bonito texto.
    Que brilhe a sua luz!
    Feliz 2011.

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  5. Que comentário ridiculo, uma pessoa como essa Marisa só podia ser mulher de um dos piores presidentes que esse país já teve, a historia ira confirmar tudo isso.

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  6. Só se for a sua *história*, Valdenir. Aliás, já apropriadamente escrita com minúscula. A *História* de verdade, que não mais é escrita pelos medíocres "globos", "folhas" etc., já consagrou Lula. Você deveria ser mais esperto e deixar de ler nossa imprensa vagabunda. Leia o The Economist, o El País, o Le Monde, o The Guardian, o site da BBC e outros. E ouça a voz das ruas. É muita areia para sua caminhonetezinha.

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  7. Meu caro Carlos Moura, velho militante respeitado de Niterói, dona Marisa criou muitos problemas ao Itamaraty em sua ânsia de aparecer, em sua vaidade inominável. Não critico plásticas, roupas tipo sofá, nada disso. Critico o voluntarismo que a levou, em muitas ocasiões, a desrespeitar normas do cerimonial, tipo governante estrangeiro sem esposa e ela no meio dos governantes, se oferecendo às câmeras. Só isso. Você está em Brasília e precisa vir a Niterói com mais frequência para perder um pouco a visão de Cerrado. Meu abraço saudoso

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  8. Moura em Brasília? Será que a Dilma o levou e ele nem avisou pra gente?

    Acho que o Romildo confundiu "um pouco". Obviamente não só o endereço do "Padim"!

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  9. Eita homônimo chique hein "padim"?
    Você bem merecia estar lá ao lado da Dilma mesmo...

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. Grande Moura, requisitos não te faltam para estar em Brasília... rsrsrs Por enquanto, endosso o quanto é prazeroso conviver com teus escritos e partilhar até com quem não gosta deles. Eu sou fã declarada!

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  12. Sou leitor e fã da Hildegard Angel e a tenho em conta como uma das mais respeitadas jornalistas do Rio de Janeiro. Queria comentar sobre seu editorial " Marisa Letícia Lula da Silva, palavras que precisavam ser ditas ... " : De fato, concordo com a maior parte dos comentários e respeito a ex-primeira dama do país ; estou especialmente de acordo com as observações sobre a humildade de Dona Mariza, sua atitude companheira ao marido _ essa sim uma característica rara no país e na época de hoje . Mas quanto ao Doutorado que ela não tinha e queriam ve-la tropeçar , respondo à pergunta de Hilde : quantas mulheres neste grande e pujante país podem se vangloriar de ter um doutorado ? Felizmente , minha cara Hilde, MUITAS , MUITAS MUITAS mesmo ... professoras e cientistas que muito honram esta terra e não ganham nem tinham nem tem tanta mordomia e facilidades como a primeira dama .

    E se vc diz também que não são tantas as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e reservada, como tem Marisa Letícia : Sim, isso é verdade e isso ocorre exatamente por que as "doutoras" não conseguem trabalhar e ter família ao mesmo tempo .... mas ser primeira-dama acompanhante de marido é fácil ....... Tudo isso eu concordo e acho que tem mérito , MAS minha querida colunista Hilde , ao dizer que Dona Mariza Letícia prima pela BRASILIDADE , exagerou e se superou na ironia ..será que foi isso mesmo que quis dizer ? Sua frase é .. eu considero o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade.
    Pois quanto aos santos, o fervor pelas festas , pela simplicidade , churrascos, cachacinhas, etc... aa sensação está coerente MAS dizer que alguém que fez questão de solicitar cidadania italiana e não está nem aí para nós pois estava sempre "acompanhando" o marido fora do país e achando o máximo _ tanto que pediu para ela e os filhos não serem brasileiros ...... isso é BRASILIDADE ??? Com esta consideração, EU que sou filho de uma alemã e um português, sou muito mais orgulhoso do Brasil do que esta Senhora ........ e me emociono com as melhorias do Brasil , apesar de achar que está LONGE , LONGE do que poderia ser pois temos tudo para ser primeiro mundo ( e olha que conheço bem o mundo ) mas temos uma coisa sobrando por aqui : LADRõES e corruptos . . e nos falta CULTURA , aquilo que faz a pessoa culta preferir ir a um concerto clássico ou a um teatro do que assistir Big Brother na TV , entende ? ........ então fala sério , chamar Dona Mariza de BRASILeira cultora da BRASILIDADE ???? Por favor, ESSA NÃO cola . Saudações / Elias

    Ass : ( Bernardo ) Elias Correa , PhD
    Professor e Cientista do MS

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  13. Esta mulher foi uma zero à esquerda

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