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sábado, 23 de outubro de 2010

Moura x Nerval - Bolinhas & fitas (em 23/10)

Prezado Merval,
"Fazer (uma) fita 1. Pretender enganar; mentir; fingir; simular (Dicionário de Expressões Populares da Língua Portuguesa de João Gomes da Silveira - Edit. Martins Fontes - 2010)"
Deixei de abusar de sua paciência ontem. Eu quis esperar um pouco mais após o incidente com Serra no Rio. O assunto estava muito quente para ser analisado, pensado e imediatamente julgado.
Isso porque não me convenci quando o JN exibiu uma foto totalmente desfocada de um celular de um jornalista, seguida de um parecer de um perito pego a laço em S. Paulo e de uma entrevista com Serra deliberadamente em close-up, para esconder-lhe a cabeça. Eu sei muito bem do que é capaz o jornalismo da Globo quando entra de peito aberto numa campanha eleitoral. É uma máquina de guerra saída dos cenários de "Avatar".
Pode até ser verdade, mas minha cabeça nasceu para duvidar, até que as provas sejam cristalinas, irrefutáveis, indiscutíveis. Até agora o que vi - e no que acreditei de pés juntos - foi uma bolinha de papel legítima e autenticada, que me remonta à canção gravada por João Gilberto. Nada justificável, porém, que o editorial de seu jornal chame Dilma de "boneca de ventríloquo", pois página de opinião não é coluna de humor.
Mas não tenho o direito de pedir-lhe que aja igual a mim. Você acreditou em tudo de cara, como um dever de ofício. E não perderia a oportunidade que Lula entregou-lhe com descarada paixão na entrevista no Rio Grande do Sul.
Achei curioso é que, em sua coluna de hoje, você diz que "...Mesmo que não tivesse acontecido nem o "evento bolinha", nem o "evento fita" - na pecuiliar definição do perito Molina - teria havido um ato de selvageria inaceitável em uma democracia." Será que passou a desconfiar de que pode não ter havido fita? Pois ontem você foi assertivo ao dizer que "Serra foi atingido, sim, por uma bobina de papel crepe (o tal "artefato") que, arremessado com força, pode provocar danos graves na pessoa atingida".
Uma " fita" eu tenho a certeza de que houve, sim. Foi a do candidato, conforme a definição que coloquei no cabeçalho. Uma fita crepe atirada com violência dificilmente deixaria Serra se despedir sorridente da multidão. E com a calvície lisa e tinindo de brilho, como uma bola de bilhar.
Carlos Torres Moura

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