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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carlos Moura x Merval Pereira + O Globo - Discussão Dilma x Serra

O colunista de política de O Globo, Merval Pereira, é um opositor sistemático ao governo Lula, ao PT e à candidata Dilma Roussef.

Este é seu direito democrático, até porque escreve num jornal cuja linha editorial é idêntica à dele.

O que não concordo - tanto quanto a ele, quanto ao seu jornal - é que não declarem oficialmente seu apoio ao candidato da oposição. Isto é absolutamente normal no mundo civilizado e até o vetusto jornal O Estadão já o fez.

Como leitor diário de ambos, além de assinante, noto que a maioria dos textos ali publicados são nitidamente facciosos, distorcidos, com visível manipulação da informação e com inserções erradas e grosseiras, todas visando desqualificar a candidata Dilma Rousseff e o presidente Lula.

Quase não existem críticas programáticas ou análises sérias do momento político-social em que vivemos.

Um estrangeiro, digamos um inglês, povo de cultura e de visão insuspeita, que aqui chegasse e só lesse O Globo, por exemplo, ficaria estupefato.

Veria nas ruas um país crescendo a 7% , com carros no engarrafamento, supermercados lotados, restaurantes com filas. Veria uma nova classe emergente e risonha, entupindo os aeroportos e atrasando os voos, navegando na internet, calçando tênis de marca, andando de táxi, comendo carne todos os dias.

Já no jornal ele leria sobre um país em decadência, um país amargo, triste, um país do ódio, um governo inoperante e cheio de ladrões, todo mundo morrendo nos hospitais, um futuro negro, uma eleição composta só por baixarias. E um presidente saído da classe operária sem preparo nenhum, semi-alfabetizado, egoísta, autoritário mas com uma estranha aprovação de 80% da população.

O inglês, sempre sábio, logo perceberia que alguma coisa estava errada. Saíra de um lugar onde órgãos como o The Economist, The Times, The Guardian ou The Independent diziam justamente o contrário.

E o inglês não é idiota. Um povo que produziu Darwin, Bertrand Russell, Churchill, Isaac Newton, Virginia Woolf e Shakespeare sabe muito bem distinguir o que vê do que lê.

Como sua terra está sob uma séria crise econômica , tomaria a seguinte decisão: navegar com esse governo e o seu povo e abandonar no merecido ostracismo os pobres e derrotistas jornais.

Isto tudo vinha me causando um tremendo mal-estar, pois o poder de manipulação de um jornal costuma assumir um caráter absoluto de verdade. Quando em discussão com amigos reparei que alguns deles acreditavam piamente nas versões e distorções de parte da imprensa. Resolvi então partir para o questionamento através de e-mails, que eles disponibilizam justamente para ouvir nossos comentários.

Mas nossos jornais não gostam de críticas. Discordar deles é censura. Pedir direito de resposta é censura. Daí é que raramente nos respondem e não publicam nossas mensagens quando apontamos erros deliberados em suas manchetes, crônicas e reportagens.

O simpático Ancelmo Gois respondeu a um, pediu desculpas mas, dois dias depois, continuou errando. Merval Pereira respondeu duas vezes. Numa ele se deu ao cuidado de rebater ponto por ponto o que escrevi. Ao seu jeito. Uma leitura neutra verá que ele chega a afirmar que não escreveu o que está escrito. Tratei-o com o respeito devido e ele me rebateu com ironia.

Na outra, formulou uma curta frase enigmática, provavelmente porque não conseguiu se defender, tão grosseiras foram suas mancadas em dois parágrafos seguidos.

Como não nos ouvem, resta-nos a internet. Ela virou nossa trincheira, nossa forma de resistência.

É uma frente que vem crescendo, ganhando corpo e que a nossa imprensa despreza. Estamos a cada dia ampliando a "rede na Rede", pegando no pé deles, desmentindo suas montagens, desmascarando-os e respondendo às suas falsificações.

Com a internet não há mais o silêncio da impunidade. A história agora não é mais escrita só por eles.

Quem quiser tem às mãos, com uma rapidez espantosa, o outro lado da moeda e a face oculta da lua. A deliberada e covarde omissão de fatos acabou, quando a liberdade virtual começou a permitir que o zé ninguém também tenha voz.

Vou transcrever neste blog e tornar público todas as minhas inserções - respondidas ou não. Gostaria que as pessoas refletissem sobre elas, desconsiderando ou não minhas simpatias políticas.

Vocês verão o meu respeito pelos adversários, a minha aversão a escândalos pré-fabricados e a ausência de discussão sobre baixarias ou sobre assuntos sem grande relevância para uma campanha eleitoral - como o famigerado aborto ou a interferência de religiões no processo político.

É fundamental para mim ouvir de todos o que pensam sobre o que eu penso.

Carlos Torres Moura

3 comentários:

  1. Grande Moura, tenha certeza de que você fala em nome de todos nós, unidos neste propósito maior de lutar contra a mentira e a falsidade. Abraços, Zélia

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  2. HOje descobri este blog e estou maravilhada. Sua existência restaura minha fé na espécie humana, muitas vezes carregada de preconceitos e maldades mas, felizmente, capaz de escrever textos sublimes como os seus. Obrigada.

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  3. Meu caro Carlinhos Moura. Sou de Cataguases, e da sua geração(pouco mais novo).Eu lhe conheço desde o tempo de cinema,teatro com o Paulinho Bastos , Lelê & outros.Fiquei muito feliz e orgulhoso de ler seu "recado" para o Globat. Meus parabéns e obrigado por ter "lavado minha alma". Abs
    Edir Vassalo Ramos Vidal

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