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terça-feira, 1 de março de 2011

Qual é a Estratégia?

Por Flávio Sereno Cardoso

A presença da Presidenta Dilma na festa do jornal Folha de São Paulo causou mais repercussão negativa do que o corte de R$ 50 bilhões no orçamento.

  O corte traz consigo, a justificativa de que a crise mundial de 2008, que comprometeu o crescimento do PIB brasileiro, levou o Governo  a adotar políticas de corte de impostos, aumento do crédito, ampliação dos financiamentos do BNDES, e estímulo (inclusive com um depoimento pessoal do Presidente Lula na TV) do consumo. Se a equipe econômica diz que isso agora pode ter como consequência o renascimento da inflação, e que este corte se faz necessário, devemos observar então os próximos capítulos e as tendências que virão.

  O que não se justifica é a negativa em negociar. E não me refiro a negociar com as Centrais Sindicais o valor do salário-mínimo. Estas tiveram o cumprimento do acordado em 2007 (inflação + PIB de 2 anos atrás), o que levou a esse pequeno aumento em 2011 mas que garante um patamr bem mais aceitável no próximo ano. Mas o servidores federais por exemplo, ainda não foram recebidos para uma conversa, o que levou a um indicativo de greve dos técnicos das Universidades Federais previsto para o fim de março.

 Voltando ao “rega-bofe” da Folha, o simbolismo do ato é realmente desastroso. Trouxe uma revolta totalmente justificável em todos que “compraram a briga” em defesa da candidatura e da pessoa da Presidenta durante o perído eleitoral. Num governo de disputa (sempre será!), é temeroso enfraquecer a militância espontânea e gratuita como a da blogosfera.

  Nada contra uma eventual aproximação do PSDB com o governo, se aquele abandonar o discurso de oposição pura e simples e vier a contribuir. Mas este improvável movimento, embora na mesma direção do que está sendo sugerido, deveria ter um sentido contrário. Ou seja, de lá pra cá. Isso não significaria o mesmo que afagar a grande mídia, que está atrás é de recuperar as verbas de publicidade descentralizadas pelo Ministro Franklin Martins no Governo Lula. Não há uma simples ideologia aí, existe sim uma luta por sobrevivência dos grupos empresariais que com quase nenhuma concorrência (de mercado e de conteúdo), sempre ditaram a chamda opinião pública.

  Se Dilma seguir na democratização da distribuição dos anúncios oficiais pelas diversas mídas regionais e locais como Lula fez, sua presença nos programa de estréia de Hebe Camargo na Rede TV, e no de Ana Maria Braga, apesar de nos fazer lembrar do falecido "Cansei", trará apenas um incômodo passageiro, mesmo se aparecer num camarote de Carnaval ao lado de Ivete Sangalo.

   A lei de regulação da mída, deve ser enviada ao Congresso Nacional num momento estratégico, após a garantia de aceitação da base aliada, mas a pulverização das verbas publicitárias ou sua nova concentração nas mãos e bolsos dos neo-Dilmistas do PIG, é que vai realmente servir de termômetro pra entender a tal estratégia que está incomodando a (quase) todos nós!

5 comentários:

  1. Não acredito que Dilma vai jogar no lixo toda a luta e a indignação contra a grande imprensa nos dois mandatos de Lula.
    Acho que ela está indo meio na "maciota", embora o beija-mão na Folha tenha sido um ato inteiramente dispensável.
    Parabéns pelo texto, Flávio!

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  2. Parabéns, Flávio, muito bom o seu comentário. Em relação à estratégia política, digo e repito, não é assunto da minha alçada, mas a presença dela nesta festa da malfadada Folha não me agradou nem um pouquinho! Deu um gosto amargo na boca ...

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  3. Belo texto, Flávio. Mas fico com a opinião de que ela "não se deu ao respeito" indo até lá. Dispensável, como colocou o Moura.

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  4. O Márcio Cândido, amigo do Agenor, me mandou este link ontem:

    http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4968190-EI7896,00-Dilma+anuncia+reajuste+de+ate+para+Bolsa+Familia.html


    Pelo visto o corte não afetará mesmo o programa.

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  5. Vamos continuar "de olho"!!
    Parabéns pelo texto e suas considerações.

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