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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Merval: a primeira viúva de Lula (outras virão)




Merval Pereira, ataviado como novo membro da Academia Brasileira de Filosofia.

Quem sabe agora teremos um Sócrates, um Hume ou um Voltaire na imprensa aborígene?




Por Carlos Torres Moura

Merval Pereira, do Globo, continua perdendo suas noites de sono, coitado.

Antes que me cobrem uma recaída, confirmo que cancelei minha assinatura do panfleto dos “marinhos”. Depois de durante uns quinze anos ter ajudado a contribuir com umas migalhas para a consolidação do império deles. Quanto leite derramado, quantos limões pelo chão, quanto dinheiro jogado fora.

Ao contrário do Merval, passei a acordar remoçado.

Meu café da manhã ficou livre da tinta suja do matutino. Mas como o mundo roda e as lusitanas dançam o vira, amigos insistem em me mandar o bestiário dos jornalistas vampiros . Os que dormem com morcegos e amanhecem de cabeça pra baixo.

Merval Pereira permanece zanzando tonto na arena da derrota. No domingo da eleição do segundo turno ele ainda esperava – está numa gravação da rádio CBN – que poderia haver um empate técnico! Mencionou pesquisa interna do PSDB que apontava para isso. Ouvi com estas orelhas que a terra há de comer. O último náufrago tentava se agarrar a uma bóia imaginária. Nem o Sérgio Guerra – que tinha o dever de manter viva a militância(!) tucana – acreditava mais nesse tipo de assombração. Passarinho que comera pedra na campanha sabia o......que tinha.

Merval – nervoso e claudicante como sempre – sonhava com a vitória de seu candidato, o beijador de santinhos e pastor evangélico bissexto. Que incompetência jornalística a folha de pagamento dos “marinhos” sustenta!

O Merval que rodopia não consegue arriar os ferros. Ao invés de se dedicar a entender o motivo da derrota – com ou sem a ajuda dos analistas constantemente acionados por sua coluna – resolveu permanecer remoendo o ódio aos vencedores. E ódio de perdedor é fogo na roupa. Até seus parceiros paulistas, os blogueiros desarvorados da Veja, que babam na gravata contra tudo e contra todos no governo, partiram para analisar os motivos do desastre. Choraram no meio-fio a derrota retumbante de seu candidato e penduraram José Serra num pelourinho de culpas. Tietes histéricos de FHC, trouxeram o príncipe dos sociólogos de novo ao centro da ribalta. Paramentado por toga, penachos e chapéu de mosqueteiro, para dar novas lições neo-liberais de retumbantes fracassos.

Para Merval isso não importa, pois só a “cambada” lulista erra. Se o adversário de Dilma fosse o Tiririca, teria o apoio velado dele.

Deve dormir muito mal, pois perderá o protagonista de sua ficção política. O homem que lhe proporcionou lançar um livro, ou melhor, uma coletânea de diatribes diárias no Globo. Está desesperado porque não sabe o destino de Lula depois do fim do mandato. Rola na cama torcendo para que o operário continue dando palpites. Ele não quer um Lula carregando um isopor na cabeça na praia. Ele precisa do Lula mandando e desmandando, pois não sabe escrever sobre outra coisa.

Entrou numa cruel, terrível e irreversível crise de abstinência. Quando o “ autor” se vê na perspectiva da perda de seu personagem principal, a depressão monta a cavalo e o jegue empaca. Pobres de seus leitores, que assistirão à difícil adaptação da troca de um herói por uma heroína. Dilma não tem o gingado provocativo do pernambucano de Caetés. E, ao que parece (e eu torço pra isso), dará menos confiança ainda ao jornalismo faccioso, rastaquera e patético que domina a maior parte da grande imprensa cabocla.

Que divã psicanalítico sustentará uma alma penada dessas?

Quem não se controla emocionalmente acaba por perder o respeito por tudo. Especialmente pelos desafetos. Com isso desrespeita também a maioria dos brasileiros que os elegeram. Assim é que, mesmo sendo um jornalista premiado, Merval Pereira escreve que “Dilma abriu a boca” – e não que “Dilma falou”. Chama Lula de “manipulador de cordéis”. Faz parte das catervas que, ultrajando autoridades legal e constitucionalmente eleitas, dão chiliques quando rebaixadas a moleques de recado de seus patrões.

Enfim, o cronista Merval promete-nos muitas emoções. Se eu fosse ele desistiria do Lula. Ainda que somado ao enorme grupo de derrotados que seguram as rédeas na mídia pão e manteiga, jamais conseguirá aniquilar a importância histórica de Luís Inácio na política brasileira. É muita areia para sua ridícula caminhonete.

Sem contar que, sendo um comentarista de terceira, sua voz se perderá no eco de sua própria mediocridade. Muito mais cedo do que podemos supor.

4 comentários:

  1. Mais um belissímo texto que contribui na construção desse país. A boa escrita tem muito poder, e para sermos cada vez mais fortes, todos os nossos irmãos deveriam aprender a ler. Ando mais otimista. Ainda não descobri o motivo mas circula pela boa família, a eleição de Dilma, a invasão do Alemão, uns comprimidos de Olcadil...

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  2. Carlos Torres Moura dá mais um OLÉ no patético disseminador do "quanto pior melhor!" - Merval Pereira. Esse caricato jornalista - ícone do perturbador atavismo golpista lacerdista é tão rancoroso e tão preconceituoso que não enxerga isto aqui que Carlos Moura expressa tão bem: "(...)jamais conseguirá aniquilar a importância histórica de Luís Inácio na política brasileira. É muita areia para sua ridícula caminhonete(...)". E o pior - PRA ELE!!! - é que, também concordando com a esteira visionária de Carlos Torres, antevejo uma Dilma Rousseff ainda mais à margem desse jornalismo de péssimo mister informativo; colocando-se incólume aos rascunhos irados desses mercenários tão bem-pagos pelos redutos de marinhos - civitas - frias et caterva.
    Dá-lhes Moura!

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  3. A cena do Merval na Globo News, acompanhando (e comentando) a apuração do segundo turno, é inesquecível!!!

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