Prezado Merval Pereira,
“O candidato do bolso do colete de Lula, o ex-ministro
Fernando Haddad, continua sendo apenas isso, mais uma invenção do
ex-presidente... Se juntarmos a redução da influência de Lula no eleitorado com
a incapacidade demonstrada até agora por Fernando Haddad de ser um candidato
minimamente competitivo, teremos uma eleição que sugere ser muito mais difícil
para o PT do que parecia meses atrás”.

Perdeu mais uma vez,
Merval. Que você e seus patrões não gostem do Lula e do PT é absolutamente
compreensível. Afinal, eles nunca vos paparicaram, como fizeram os seus
antecessores no poder.
Mas que venham apoiando
veladamente um candidato tão ruim como José Serra, por duas vezes seguidas,
faz-me perplexo. Será pela falta de opção ou porque Serra atende a todos os
anseios da grande imprensa? Será que ele representa realmente o projeto
anti-Lula, anti-PT, anti-inclusão social, anti-fim das desigualdades e, last
but, ainda seria um títere a ser pautado à vontade, na defesa dos interesses dela?
Vocês nunca temeram
que Serra no poder pudesse tirar o jaleco do Dr. Jeckyl e vestir a pele de lobo
do Mr. Hyde? Feito o Collor fez?
Não sei. O que me
estranha é que essa imprensa que você representa seja incapaz de levantar um
editorial para condenar a campanha do tão querido José, quando ela parte para o
obscurantismo deslavado, ao introduzir aborto ou kit gay na agenda. Se fosse o
PT, coitado, a fogueira se estenderia da Washington Luís até a Barão de Limeira,
queimando todo o “lulismo” que fosse encontrado na Via
Dutra e arredores.
Perderam de novo,
Merval.
Que desperdício de
velas foram esses intermináveis dias de “mensalão”. De que adiantou a pressão
de vocês sobre o STF e a venda ao público do “maior esquema de corrupção da
história”, quando você sabe que não foi bem assim? Nada obstante, venderam a
imagem de que um grupo de políticos saqueou os cofres públicos quando, na
verdade, o “mensalão” não foi mais do que uma prática de caixa dois, com o
dinheiro da legenda partidária, de resto
erradamente corriqueira no País. Apimentada pela ideia de que consciências
foram vendidas, para dar ao governo do PT uma maioria que ele já tinha. E tudo
isso sem provas concretas.
Mas há que
respeitarmos as decisões do Tribunal. Triste
é saber que o julgamento de nada adiantou para os propósitos mediáticos
imediatos. A principal eleição, desta vez, a da prefeitura de S. Paulo, está
irremediavelmente perdida. E o PT cresceu pelo país a fora.
Para que serviu então
o “mensalão”? Para jogar gente na cadeia. Para liquidar com o universal
princípio do “in dubio pro reo”. Para desmoralizar os políticos. Para aterrorizar
familiares. Para a vingança a um projeto
que não atende à vontade das seis famílias que dominam a informação no Brasil.
Para o que vocês
queriam que servisse, não serviu. Perderam, mais uma vez.
Vamos esperar para ver
se o “mensalão tucano”, a ser julgado no ano que vem, vai merecer as mesmas
colunas, arquitraves, frisos e cornijas dos nossos jornalões e da rede de Tv de
maior audiência.
Eu duvido.
Atenciosamente,
Carlos Torres Moura
Além Paraíba - MG