Esse é o Blog da Família Sereno, mas também dos Mouras, Maias, Cardosos, Araujos...
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
A máquina do mundo
Embora extraídos da revista politicamente mais calhorda do país - a veja - esses trechos significam um Brasil humano, solidário, desprendido. São essas pessoas que movem a máquina do mundo brasileiro, junto com as lavadeiras, as faxineiras, os porteiros, os motoristas de ônibus, os professores, os estivadores, os transportadores de carga, as telefonistas, as secretárias das clínicas, os garis, os vendedores do comércio, as costureiras, os operários, as enfermeiras, as empregadas domésticas, os motoqueiros, os controladores de vôos, os caminhoneiros, os eletricistas, os bombeiros, os pedreiros, os padeiros, etc
"É gente como o auxiliar de sonda Erbeson Costa Rocha, cearense morador de Roraima, e o advogado William Cunha Von-Held, de Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense. Erbeson pegou R$ 2 mil e 25 dos seus 45 dias de folga para doar às vítimas da enchente. Viajou de Salvador para o Rio de ônibus, enfrentando 1.649 quilômetros de estrada, para dormir abrigado em uma igreja. Passa o dia no ginásio Pedrão, que foi transformado em centro de recebimento de doações e é onde voluntários e funcionários da Defesa Civil, prefeitura e governo do Estado se reúnem para oferecer apoio psicológico e jurídico, distribuir roupas e mantimentos e ajudar na busca por desaparecidos. Erbeson foi sozinho para Teresópolis, cidade onde nunca esteve, arcando com todos os custos da viagem. Só vai embora em meados de fevereiro. “Em 2008, fui para Blumenau, quando aconteceu aquela catástrofe por conta das chuvas. Eu não consigo ver tanto sofrimento e não fazer nada, se eu posso ajudar. Não sou rico, mas tenho saúde e posso trabalhar. Estou aqui para ser útil e fazer o que for preciso”, explica o soldador, que ontem trabalhava dando baixa na saída de colchões e outros donativos distribuídos para os desabrigados e desalojados. “Tem caminhão de doação chegando meia-noite e precisa de alguém para descarregar. Dorme-se pouco por aqui, mas ninguém reclama”, garante.
Diferente de Erbeson, William não estava de folga. Funcionário da prefeitura de Cabo Frio, ele faz parte do grupo de 28 pessoas que se mudou temporariamente para Teresópolis para trabalhar com a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos no auxílio às vítimas das chuvas. Ontem, passou parte do dia num galpão de bebidas que abriga quase 200 pessoas no bairro Meudon fazendo o cadastramento de famílias que vão receber o Aluguel Social. “É a primeira vez que fico tão perto de uma tragédia como esta. Ouvimos histórias muito tristes e vemos famílias e vidas destruídas. Estou aqui a serviço. Fazendo o meu trabalho eu posso contribuir para, de alguma forma, ajudar a diminuir esse sofrimento. Já me sinto útil“, afirma."
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
QUE PROTESTO É ESSE?
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QUE PROTESTO É ESSE?
Enviado por: Viviane Souza Pereira
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J’ACUSE !!! (Eu acuso !) DESAGRAVO DO PROF. IGOR AO ASSASSINATO DO PROF. KÁSSIO VINICIUS.
(Eu acuso !)
(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)
« Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice.
(Émile Zola)
Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (…)
(Émile Zola)
Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que… estudar!).
A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.
O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.
Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.
No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando…
E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”
Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente…
Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.
Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal a o autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos”e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;
EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;
EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;
EU ACUSO os “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.
Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.
A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”
Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
Igor Pantuzza Wildmann
Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.
sábado, 8 de janeiro de 2011
O pícaro e a búlgara
Lula mal acabou de sair e já aprontou mais umas diabruras. Tomou o avião oficial e foi pescar e banhar-se num paraíso paulista por conta de uma unidade militar (vejam que despautério!).
E puxou consigo a imprensa(?) tupiniquim.
Para lá partiram as mírians, os noblats, as catanhedes, os mervais, os azevedos, os nunes, os mainardis, as hipólitas, todos a serviço de seus patrões patriotas. Um cardume que só não se afogou na rotineira enchente paulista porque peixe não afoga. Ainda mais quando salvo por bicos tucanos.
Achando que a isca era pequena, Lula enfiou no anzol dois passaportes diplomáticos para seus filhos, com direito a viagens ao Paraguai e à Argentina. E os escamados morderam-na.
Peixes que se dizem sábios, atletas da palavra nos blogs e nas colunas, abandonaram o atol preservado pela impunidade em que vivem. Morrendo de medo que moluscos venham a habitar seu habitat, correram atrás de um e perderam o cenário e a semana.
Dilma pintou e bordou na calada planaltina. Papeou com chefes de estado, fez mudanças no câmbio, chamou a ministrada para um PAC(to) contra a miséria. Reinou sossegada e absoluta para o país que a elegeu e, no sétimo dia, foi descansar.
Onde será a próxima piracema? Personagem suassuniano capaz de se camaleonar em mil cores e se multiplicar em estripulias, Lula pode sair a qualquer hora do mar e aparecer num rio africano. Ou amanhecer num lago da Ásia.
Não vai ser mole acompanhá-lo com nikons, iPads e passagens de avião rumo ao imprevisível. Custa caro. Os civitas se perderão nas civilizações, os mesquitas nos templos árabes, os frias nas geleiras e os marinhos nos oceanos.
E todos eles juntos poderão se afogar num açude nordestino.
Se Lula conseguir manter essa esperteza pícara, a búlgara vai governar sem atropelos.*
*Numa modesta homenagem semântica a Campos de Carvalho e ao seu genial “O púcaro búlgaro”.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Revista Época: Uma família no governo Lula
No governo Lula, a família Costa Pereira descobriu como é bom consumir. A TV de tela plana é a estrela da casa, seguida de perto pelo computador e pelo PlayStation 3. No centro, Estela e Hustene, de camisa do Corinthians; Rodrigo, em pé, com a filha Gabriely; Diego e Jade agachados, na frente; Amanda com a filha Rafaela no colo
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Hildegard Angel e dona Marisa Letícia (do Advivo, de Luis Nassif)
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Danuza: a teoria na "plástica" não funciona
Hildegard Angel honra a memória da mãe e do irmão com um texto finíssimo sobre Marisa Letícia, a primeira dama de São Bernardo.
Da mesma forma, um comentário no mesmo blog (de Antônio CDS) acerta também na mosca, mandando pra escanteio outra mulher que vem fazendo o contrário: desonrando a memória da irmã e do pai.
Vejam:
"Nem deixou escapar uma ponta de maldade na referência à estética:
Enquanto Dona Marisa melhorou, aquela que fez a crítica às festas juninas, outrora desejável mulher, hoje se tornou um frankenstein deformado por cirurgias plásticas."
Referência clara à canastrona das pontas dos filmes de Gláuber Rocha - uma tal Danuza.Para as gerações mais novas dispensarem a ida ao Google, esclareço:
- a outra, hoje um zumbi que dá os braços ao diogo mainardi, é irmã da Nara (precisa apresentação?) e filha do Jairo Leão, que era amigo do Manuel Bandeira e outros.
(Carlos Moura)
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OS ATAQUES IMPLACÁVEIS A MARISA LETÍCIA
Por Hildegard AngelForam oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas. Jamais foi chamada de "a Cara" por ninguém, nem teve a imprensa internacional a lhe tecer elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua defesa. À "companheira" número 1 da República, muito osso, afagos poucos.
dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E - pior de tudo - os boatos infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a família?Ah, meus queridos, Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter coragem e estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E ela teve.
Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido nas solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da mulher mãe de família em nossa sociedade.
Depois, implicaram com o silêncio dela, a "mudez", a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais do que evidente de sua sabedoria. Falar o quê, quando, todos sabem, primeira-dama não é cargo, não é emprego, não é profissão?
Ah, mas tudo que "eles" queriam era ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as palavras para, mais uma vez, com aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar, compará-la à antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar pomposo de doutorados e mestrados.
Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e reservada, como tem Marisa Letícia.
E não são também em grande número aquelas que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele. E isso não é um mérito? Não é um exemplo bom?
Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade.
Foi um apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente, decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas. A mais singela de nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de nossas preferências, nossa culinária, os jogos e brincadeiras. Prestigiando o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural. Fizeram chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do casal lhes causasse desconforto.
Imprensa colonizada e tola, metida a chique. Fazem lembrar "emergentes" metidos a sebo que jamais poderiam entender a beleza de um pau de sebo "arrodeado" de fitinhas coloridas. Jornalistas mais criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo Santo Antônio, levado pelo presidente em estandarte nas procissões, não é aprendida, nem inventada. É legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio João Casa), de família de agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de Bérgamo, Marisa até os cinco de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o avô paterno, Giovanni Casa, devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio. Até hoje ela existe, está lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o nome da família de Marisa, Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas raízes, na periferia de São Bernardo do Campo. Os Casa, de Marisa Letícia, meus amores, foram tão imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram a construir o Brasil.
Outro traço brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio às cores nacionais, sempre reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras de costureiros nossos, nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de quem gosta de copiar a moda estrangeira. Eram os coletes de crochê, os bordados artesanais, as rendas nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é conversa fiada.
No poder, ao lado do marido, ela claramente se empenhou em fazer bonito nas viagens, nas visitas oficiais, nas cerimônias protocolares. Qualquer olhar atento percebe que, a partir do momento em que se vestir bem passou a ser uma preocupação, Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se, depurou o gosto, dando um olé geral em sua última aparição como primeira-dama do Brasil, na cerimônia de sábado passado, no Palácio do Planalto, quando, desculpem-me as demais, era seguramente a presença feminina mais elegante. Evoluiu no corte do cabelo, no penteado, na maquiagem e, até, nos tão criticados reparos estéticos, que a fizeram mais jovem e bonita.
Atire a primeira pedra a mulher que, em posição de grande visibilidade, não fez uma plástica, não deu uma puxadinha leve, não aplicou uma injeçãozinha básica de botox, mesmo que light, ou não recorreu aos cremes noturnos. Ora essa, façam-me o favor! Cobraram de Marisa Letícia um "trabalho social nacional", um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária de Ruth Cardoso. Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se enrascar numa das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a área social.
Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa, arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo.
Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula, um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam. Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos.
Tivesse dito tudo isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer a Justiça que merece.