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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Uma visita às trincheiras da Veja - parte 4


Desconstrução de um panegírico a um "príncipe" tropical

Por Carlos Torres Moura

O colunista de blog Augusto Nunes, da Veja, publicou em 19.12.10 um emocionado laudatório dirigido ao príncipe dos sociólogos do Brasil - o ex-presidente Fernando Henrique.

Na visão dele, de seus seguidores e de jornalistas afins, Lula sofre de uma inveja crônica de seu antecessor.


Já no lado oculto da lua, dos sem-imprensa, não há controvérsias: pensa-se justamente o contrário.


Há uma campanha - de pouquíssima repercussão, diga-se - para trazer de novo FHC aos pódios. Inúmeros derrotados na última eleição estão condenando José Serra por, novamente, ter excluído o fidalgo dos palanques eletrônicos. Essa corrente acredita que, se tivessem sido exibidas as "benesses" dos anos tucanos , o pleito estaria no papo. Você concorda? Eu não.


Fora o Plano Real dos anos Itamar (de resto amplamente cantado na campanha), o que restou? A privatização fim-de-feira da Vale? O até agora não esclarecido e estranho esquema na venda das teles? O instituto da reeleição?


Quem quiser se aventurar pelo texto augustino - seguido dos meus comentários - aviso: é uma longa declaração de amor político. Muito bem redigida, por sinal. No invólucro. No conteúdo não é lá essas coisas.


O texto original está intercalado por minhas intervenções em itálico. Até agora (em 22/12), não foram publicadas no blog dele. E certamente não o serão.


Reconheço que eu poderia terminar o ano ocupado com coisas que alegram meu imaginário - os filmes que vi, os livros que li, as músicas que escutei, os lugares por onde viajei. Infelizmente, sou dado a recaídas masoquistas. Principalmente quando vejo querer triunfar as injustiças, manejadas pelas orações das nulidades.




FHC foi o acorde dissonante na ópera do absurdo que Lula recomeçou (por Augusto Nunes – 19/12/2010)

Prezado Augusto,

Esse exacerbado processo comparativo entre Lula e Fernando Henrique está se tornando, na opinião deste modesto leitor, uma discussão inócua. Redundante e cada vez mais desnecessária.

Os exageros e as injustiças são visíveis nos dois lados. Para os blogs situacionistas – com algumas exceções – não há erros no governo atual. Para os contrários – sem exceção – só há desgraças. O vice-versa vale para o período FHC (sem ofensa, só pra reduzir caracteres).

Há os que martelam que o mensalão foi a descoberta de um bando de capetas que deveria ter levado o presidente à destituição. Há os que consideram a aprovação do instituto da reeleição uma medonha nódoa política para proveito próprio (se tivesse sido proposta por Lula, o operário teria sido esquartejado em praça pública pela imprensa).

Deixo alguns comentários sobre seu texto. Sei que raramente você admite discordantes frequentando sua seara. Mas, considere um dado: ouvir o contrário pode ter um efeito desentediante. Prefiro até que não seja publicado, não gostaria de provocar mais ainda a ira de seus leitores, o espírito do Natal está aí.

Só escrevi porque o espaço está aberto no site da Veja. Mas você tem todo o direito de recusar a presença das dissonâncias. Democracia tem que existir na vida pública. Na privada cada um tem o direito de fazer suas leis.

Grato pela atenção,

Carlos Torres Moura


Texto original

De volta ao Brasil de sempre, resignaram-se há oito anos as paredes do gabinete presidencial depois de uma ligeira contemplação do novo inquilino. Desde Jânio Quadros, a grande sala no terceiro andar do Palácio do Planalto já abrigou napoleões de hospício, generais de exército da salvação, perfeitas cavalgaduras, messias de gafieira, gatunos patológicos, vigaristas provincianos e outros exotismos da fauna brasileira. Por que não um Luiz Inácio Lula da Silva?

Quem seriam? Matei as charadas dos iniciais, mas estou em dúvida quanto aos últimos. Está tudo em ordem cronológica? Não dá pra nomear?

Quem conhece a saga republicana sabe que a ascensão ao poder de um ex-operário metalúrgico só restabeleceu a rotina da anormalidade que vigora, com curtíssimos intervalos, desde o fim do governo do grande Juscelino Kubitschek.

Anormalidade que vigora desde JK? De fato, um operário na presidência é uma tremenda anormalidade. E incomoda. Para muitos não deveria acontecer, vai contra a lógica. Como ficaria? Só os intelectuais? Canastrão de Hollywood, como o Reagan, vale?

Na galeria dos retratos dos presidentes, Lula está à vontade ao lado dos vizinhos de parede. Sente-se em casa. A discurseira delirante e ininterrupta está em perfeita afinação com a ópera do absurdo. O acorde dissonante é Fernando Henrique Cardoso. Um confirma a regra. O outro é a exceção.

A figura de linguagem mais apropriada para FHC seria “acorde normal”, não?Os outros – anormais – é que seriam os dissonantes.

O migrante nordestino que chegou à Presidência sem escalas em bancos escolares tem tudo a ver com o país dos 14 milhões de analfabetos, dos 50 milhões que não compreendem o que acabaram de ler nem conseguem somar dois mais dois, da imensidão de miseráveis embrutecidos pela ignorância endêmica e condenados a uma vida não vivida. Esse mundo é indulgente com intuitivos que falam sem parar sobre assuntos que ignoram. E é hostil a homens que pensam e agem com sensatez. É um mundo que demora a alcançar em sua exata dimensão a lucidez do sociólogo nascido no Rio que tinha escrito muitos livros quando se instalou no Planalto.

Ou seja, Augusto: é um montão de gente burra. Iletrada. Que ainda consegue botar um dos seus no planalto. Mas algo me intriga: só os cultos pensam e agem com sensatez? Um analfabeto ou um semi-letrado já nasce hostil a ela? Outra coisa: quando boa parte dessas pessoas votaram duas vezes em FHC, eram o quê? Hostis à sensatez ou não? Sabe o que eu acho? Nem uma coisa nem outra. Eles gostam mesmo de quem lhes põe, direta ou indiretamente, um tutuzinho no bolso. Seja com estabilizações de moeda ou com inclusões sociais. Mais uma pergunta: escrever muitos livros qualifica de antemão qualquer pessoa para o exercício de um cargo público? Se sim, Zilda Gasparetto para presidente! Mais de trinta livros publicados.

O Brasil de Lula tem a cara primitiva de sempre. O Brasil de FHC provou que a erradicação do atraso não é impossível. Pareceu até civilizado no primeiro dia de 2003, quando se completou um processo sucessório exemplarmente democrático. Durante a campanha eleitoral, o presidente fez o contrário do que faria o sucessor. Embora apoiasse José Serra, não mobilizou a máquina administrativa em favor do candidato, não abandonou o emprego para animar palanques e consultou os principais concorrentes antes de tomar decisões cujos efeitos ultrapassariam os limites do mandato prestes a terminar.

Ou seja: o Brasil de Lula anda de tanga, tacape e cocar. Explique-me então o paradoxo: se ele seguiu o receituário de FHC – e foi useiro e vezeiro do Plano Real – seu governo foi um fracasso? Não conheço elogios à era Lula vindo do grupo radicalmente opositor na imprensa. Mas todos cobram a “usurpação” do real etc. Não teria sido isso o motivo do “fracasso”? Quanta contradição! É possível, sim, que Fernando não tenha subido em palanques, não tenho as informações à mão. Mas é proibido? Há impedimento legal? Lula abandonou o emprego para ir aos comícios de Dilma? Outra pergunta: o sociólogo tinha por Serra o mesmo entusiasmo que Lula tem por Dilma?

NEM RUTH CARDOSO FOI POUPADA
Consumada a vitória do adversário, FHC pilotou o período de transição e ajudou a conter a fuga de investidores inquietos com a folha corrida do PT. O Brasil de janeiro de 2003 tinha poucas semelhanças com o que Itamar Franco encontrou depois do despejo de Fernando Collor. Em 1994, o ministro da Fazenda de Itamar comandou a montagem do Plano Real. Nos oito anos seguintes, fez o suficiente para entregar a Lula um Brasil alforriado da inflação e da irresponsabilidade fiscal, modernizado pela privatização de mamutes estatais deficitários e livre de tentações autoritárias.

Conter “investidores inquietos” foi um favor, Augusto? Não seria uma obrigação de qualquer governante sério? Você acredita que Lula, numa vitória do Serra, iria botar fogo no coreto antes de entregar a pasta? Mamutes estatais “deficitários”? A Vale do Rio Doce? Livrar um país de tentações autoritárias é impossível. Vai ter sempre alguém sonhando na calada da noite com a deposição de Lula, por exemplo. Desafetos radicais costumam pensar assim. Digamos que FHC, por sua conduta democrática, tenha ajudado a consolidar as instituições, para usar um jargão jornalístico. Alguma proeza nisso? Nada mais que seu dever.

“Aqui você deixa um amigo”, disse o sucessor com a faixa presidencial já enfeitando o peito. Foi a primeira das mentiras, vigarices, trapaças e traições que alvejariam, nos oito anos seguintes, a assombração que está para o SuperLula como a kriptonita para o Super-Homem. Criminosamente solidário com José Sarney, a quem chamava de ladrão, obscenamente amável com Fernando Collor, a quem chamava de corrupto, o ressentido incurável, incapaz de absorver as duas derrotas no primeiro turno e conformar-se com a inferioridade intelectual, guardou o estoque inteiro de truculências e patifarias para tentar destruir um antigo aliado, um adversário leal e um homem honrado.

Você não pegou um pouco pesado, Augusto? O exagero adverbial é que está me parecendo um ressentimento. Não seria digno de seu ídolo, eu diria. Conformar-se com inferioridade intelectual? Que preconceito é esse, Augusto? Onde está escrito que superioridade intelectual torna um cidadão melhor do que o outro? Francamente, logo você, um jornalista democrata! Truculência e patifaria de Lula para destruir o FHC? Não vi isso nesses oito anos. Vi, sim, um adversário não raro veemente contra certas políticas do governo de Fernando Henrique. Sua frase deu a esse comportamento um aspecto pessoal e injusto. Como se Lula quisesse – ou pudesse! – alijar ou aleijar, em caráter particular, alguém como o ex-presidente. Se buscarmos os arquivos, leremos várias menções respeitosas do operário ao intelectual durante os últimos oito anos. E quem não se lembra da presença de Lula no enterro de dona Ruth Cardoso, abraçando emocionado seu “desafeto”? Não transportemos o acirramento verbal durante uma campanha para a vida humana, Augusto!

Lula nunca pronuncia o nome do antecessor, evita até identificá-lo pelas iniciais. Delega as agressões frontais a grandes e pequenos canalhas, que explicitam o que o chefe insinua. Há sempre os sarneys, dirceus, jucás, berzoinis, collors, dutras, renans, mercadantes, tarsos, gilbertinhos, dilmas e erenices prontos para a execução do trabalho sujo que não poupou sequer Ruth Cardoso, vítima do papelório infame forjado em 2008 na fábrica de dossiês da Casa Civil. A cada avanço dos farsantes correspondeu uma rendição sem luta do PSDB, do PPS e do DEM. FHC não é atacado pelos defeitos que tem ou pelos erros que cometeu, mas pelas qualidades que exibe e pelas façanhas que protagonizou.

Os nomes grafados em minúsculas significam a menção a um “ genérico” dos titulares dos mesmos? Ou uma forma de desqualificá-los? É interessante - e corajoso - incluir a presidente eleita entre os “grandes e os pequenos canalhas” que “executam trabalhos sujos”. Você está dizendo que houve uma fábrica de dossiês, eu não sei. Há muito deixei de acreditar em versões da grande imprensa brasileira. Se tenho fosfato para duvidar de ações oficiais, tenho também para fazê-lo diante das “verdades absolutas” vendidas pela imprensa. Haveremos de concordar, no entanto, que em qualquer investigação não se deve poupar ninguém. Não pode haver intocáveis, nem mesmo Ruth Cardoso.

Ele merecia adversários menos boçais e aliados mais corajosos. Há algo de muito errado com a oposição oficial quando um grande presidente, para ressuscitar verdades reiteradamente assassinadas desde 2003, tem de defender sozinho um patrimônio político-administrativo que deveria ser festejado pelos partidos que o apoiaram. Há algo de muito estranho com um PSDB que não ouve o que diz seu presidente de honra. Nem lê o que escreve, como atesta a releitura de dois artigos publicados no Estadão.

Não acho que o PSDB tenha ficado indiferente a Fernando Henrique por desprezar o patrimônio por ele legado. Acho que, de fato, ele tira mais votos do que dá, hoje. Gostaria de conhecer uma pesquisa sobre isso. Esse “achismo” não é um julgamento de valores. É constatação.

O PONTO FORA DA CURVA
Em outubro de 2008, FHC avisou que a democracia brasileira estava ameaçada pelo “autoritarismo popular” do chefe de governo, que poderia descambar numa espécie de subperonismo amparado nas centrais sindicais, em movimentos ditos sociais e nas massas robotizadas. “Para onde vamos?”, perguntava o título do primeiro artigo. A Argentina de Juan Domingo Perón foi para os braços de Isabelita e acabou no colo de militares hidrófobos. O Brasil de Lula foi para Dilma Rousseff. É cedo para saber onde acabará.

Exagero dele, Augusto, exagero. Situações históricas completamente diferentes, origens políticas substancialmente opostas e ações públicas dessemelhantes. Perón era um caudilho autocrata, capaz de levar ao poder uma estrela do cabaré para sustentá-lo. Dilma nunca dançou tango em salões vermelhos. Veio da luta armada e tornou-se uma tecnocrata política. E nunca se traiu. Cá para nós: que instituição importante foi desrespeitada nos governos de Lula? A igreja, já sob a égide conservadora (eu disse conservadora? Fui delicado demais) de Bento XVI manifesta-se politicamente até na hora em que não deveria. Funcionam independentes o STF, a justiça comum, a OAB, os partidos, a Bolsa de Valores, as organizações empresariais, o mercado financeiro e, principalmente, a imprensa. Que fez de Lula gato e sapato, a ponto de poder chamá-lo de patife, como você o faz livremente neste artigo.

Em fevereiro, com 968 palavras, FHC enterrou no jazigo das malandragens eleitoreiras a fantasia costurada durante sete anos. “Para ganhar sua guerra imaginária, o presidente distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação, nega o que de bom foi feito e apossa-se de tudo que dele herdou como se dele sempre tivesse sido”, resumiu. Depois de ensinar que o Brasil existia antes de Lula e existirá depois dele, recomendou que se apanhasse a luva atirada pelo sucessor: “Se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer”.

Vaidade por vaidade, considero empatada a peleja. Mas confesso estar cansado dessa história de plano real. Como se isto – e somente isto – fosse responsável pelos imensos avanços sociais do governo Lula. Como se, não existindo o plano real, a equipe econômica de Lula não fosse capaz de fazer um igual. Como se esse plano não fosse fruto – também – das tentativas erradas durante o período Sarney, pois foi arquitetado por parte da mesma equipe do Cruzado. Como se um governo não herdasse dos anteriores vitórias e derrotas. E como se Fernando Henrique tivesse assumido num caos e transformado o Brasil numa potência ao entregá-lo a Lula.

Em vez de seguir o conselho e sugerir a Lula que topasse um debate com Fernando Henrique, José Serra reincidiu no crime praticado em 2002 — com agravantes. Além de esconder o líder que aumentou a distância entre o país e a era das cavernas, apareceu no horário eleitoral ao lado de Lula, convertido num Zé decidido a prosseguir a obra do Silva. Aloysio Nunes Ferreira fez o contrário. Tinha 3% das intenções de voto quando transformou FHC em principal avalista da candidatura. Elegeu-se senador com a maior votação da História. Saudado por sorrisos, cumprimentos e aplausos quando caminha nas ruas de São Paulo, FHC nunca foi hostilizado em público. Depois da vaia no Maracanã, Lula não voltou a dar as caras fora do circuito das plateias amestradas.

Não dá para aferir, Augusto. Fernando Henrique nunca foi num grande evento no Maracanã, ao que saiba. Muito menos numa abertura de Panamericano. Lembra do Nelson Rodrigues? No Maracanã vaiam até minuto de silêncio. Acho que Lula já seria aplaudido hoje, especialmente depois da invasão do Alemão (o povo é afeito a esses detalhes momentâneos). Fernando? Sei não. Rua de S.Paulo é uma coisa, arquibancada de Morumbi é outra.

Desde o dia da eleição, FHC tem exortado o PSDB a transformar-se num partido de verdade, com um programa que adapte à realidade brasileira a essência da social-democracia, combata sem hesitações a corrupção institucionalizada e, sobretudo, aprenda que o papel da oposição é opor-se, como ele próprio tem feito há oito anos. “Por enquanto, o único partido que temos é o PT”, repetiu há dias. “Sem uma linha política clara a seguir, o PSDB continuará a agir segundo as circunstâncias e a perder tempo com questões pontuais”. Pode perder de vez também o respeito e a confiança do eleitorado oposicionista, adverte a reação provocada pela Carta de Maceió. O teor vergonhoso do documento comprova que os governadores tucanos não captaram o recado do patriarca.

Enfim, um elogio a Lula. É o presidente de honra do único partido que temos. Ou seja: os demais presidem ficções.

Na trajetória desenhada pelos presidentes da República, FHC é o ponto fora da curva. Pode ser esse o seu destino, sugere a paisagem deste fim de 2010. Assegurada a vaga na História, poupado da obsessão pelo poder, ainda assim não recusa o combate, não faz acordos, não capitula. Em respeito à própria biografia, e por entender que a nação merece algo melhor, continua a apontar a nudez do pequeno monarca. Oito anos mais velho, ficou oito anos mais novo: nenhum líder político é tão parecido com a oposição real, rejuvenescida e revigorada neste outubro por 44 milhões de votos, quanto Fernando Henrique Cardoso.

A obsessão pelo poder costuma ir acabando à medida em que vão se desfazendo as chances de conquistá-lo. É histórico. Se ele não gostasse mais do poder teria abandonado de vez a política e se dedicado à sociologia nua e crua. |Já os pequenos monarcas nus podem ser mais hábeis e mais eficientes do que alguns paramentados de boa estatura física. E para que Fernando teria que fazer acordos, Augusto? Ele nunca mais se candidatou a cargo algum! Quando o fez, costurou todos os acordos imagináveis. Se não o fizesse, teria dificuldades para governar. E ele é um homem inteligente.






segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Merval: a primeira viúva de Lula (outras virão)




Merval Pereira, ataviado como novo membro da Academia Brasileira de Filosofia.

Quem sabe agora teremos um Sócrates, um Hume ou um Voltaire na imprensa aborígene?




Por Carlos Torres Moura

Merval Pereira, do Globo, continua perdendo suas noites de sono, coitado.

Antes que me cobrem uma recaída, confirmo que cancelei minha assinatura do panfleto dos “marinhos”. Depois de durante uns quinze anos ter ajudado a contribuir com umas migalhas para a consolidação do império deles. Quanto leite derramado, quantos limões pelo chão, quanto dinheiro jogado fora.

Ao contrário do Merval, passei a acordar remoçado.

Meu café da manhã ficou livre da tinta suja do matutino. Mas como o mundo roda e as lusitanas dançam o vira, amigos insistem em me mandar o bestiário dos jornalistas vampiros . Os que dormem com morcegos e amanhecem de cabeça pra baixo.

Merval Pereira permanece zanzando tonto na arena da derrota. No domingo da eleição do segundo turno ele ainda esperava – está numa gravação da rádio CBN – que poderia haver um empate técnico! Mencionou pesquisa interna do PSDB que apontava para isso. Ouvi com estas orelhas que a terra há de comer. O último náufrago tentava se agarrar a uma bóia imaginária. Nem o Sérgio Guerra – que tinha o dever de manter viva a militância(!) tucana – acreditava mais nesse tipo de assombração. Passarinho que comera pedra na campanha sabia o......que tinha.

Merval – nervoso e claudicante como sempre – sonhava com a vitória de seu candidato, o beijador de santinhos e pastor evangélico bissexto. Que incompetência jornalística a folha de pagamento dos “marinhos” sustenta!

O Merval que rodopia não consegue arriar os ferros. Ao invés de se dedicar a entender o motivo da derrota – com ou sem a ajuda dos analistas constantemente acionados por sua coluna – resolveu permanecer remoendo o ódio aos vencedores. E ódio de perdedor é fogo na roupa. Até seus parceiros paulistas, os blogueiros desarvorados da Veja, que babam na gravata contra tudo e contra todos no governo, partiram para analisar os motivos do desastre. Choraram no meio-fio a derrota retumbante de seu candidato e penduraram José Serra num pelourinho de culpas. Tietes histéricos de FHC, trouxeram o príncipe dos sociólogos de novo ao centro da ribalta. Paramentado por toga, penachos e chapéu de mosqueteiro, para dar novas lições neo-liberais de retumbantes fracassos.

Para Merval isso não importa, pois só a “cambada” lulista erra. Se o adversário de Dilma fosse o Tiririca, teria o apoio velado dele.

Deve dormir muito mal, pois perderá o protagonista de sua ficção política. O homem que lhe proporcionou lançar um livro, ou melhor, uma coletânea de diatribes diárias no Globo. Está desesperado porque não sabe o destino de Lula depois do fim do mandato. Rola na cama torcendo para que o operário continue dando palpites. Ele não quer um Lula carregando um isopor na cabeça na praia. Ele precisa do Lula mandando e desmandando, pois não sabe escrever sobre outra coisa.

Entrou numa cruel, terrível e irreversível crise de abstinência. Quando o “ autor” se vê na perspectiva da perda de seu personagem principal, a depressão monta a cavalo e o jegue empaca. Pobres de seus leitores, que assistirão à difícil adaptação da troca de um herói por uma heroína. Dilma não tem o gingado provocativo do pernambucano de Caetés. E, ao que parece (e eu torço pra isso), dará menos confiança ainda ao jornalismo faccioso, rastaquera e patético que domina a maior parte da grande imprensa cabocla.

Que divã psicanalítico sustentará uma alma penada dessas?

Quem não se controla emocionalmente acaba por perder o respeito por tudo. Especialmente pelos desafetos. Com isso desrespeita também a maioria dos brasileiros que os elegeram. Assim é que, mesmo sendo um jornalista premiado, Merval Pereira escreve que “Dilma abriu a boca” – e não que “Dilma falou”. Chama Lula de “manipulador de cordéis”. Faz parte das catervas que, ultrajando autoridades legal e constitucionalmente eleitas, dão chiliques quando rebaixadas a moleques de recado de seus patrões.

Enfim, o cronista Merval promete-nos muitas emoções. Se eu fosse ele desistiria do Lula. Ainda que somado ao enorme grupo de derrotados que seguram as rédeas na mídia pão e manteiga, jamais conseguirá aniquilar a importância histórica de Luís Inácio na política brasileira. É muita areia para sua ridícula caminhonete.

Sem contar que, sendo um comentarista de terceira, sua voz se perderá no eco de sua própria mediocridade. Muito mais cedo do que podemos supor.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Uma visita às trincheiras da Veja - parte 3

Da cor da borra
Por Carlos T. Moura

Chamar o lixo que habita os blogs da Veja de “ imprensa marrom” não é muito apropriado. O termo surgiu no Brasil nos anos cinquenta, derivado do “yellow press” em inglês. Trocou-se o amarelo pelo marrom para dar uma forte tintura local.

A imprensa marrom extorquia dinheiro de pessoas públicas para não publicar flagrantes comprometedores. Os blogs da Veja não fazem isso. É lama por lama só – ou seja, o que se ganha é o que se recebe na boca do caixa da família Civita. Nesse caso, poderíamos usar o marrom apenas por ser a cor de quase todas as bostas.

Induzido pelos escaninhos loucos de link sobre link, nessa maravilha chamada internet, fisguei um pedaço emblemático do som da sinfonia mais ordinária e do mais baixo degrau a que pode chegar a grande imprensa nativa. Digo grande imprensa porque os blogs são patrocinados e vinculados à citada revista e, embora assinados, têm dela o beneplácito e o apoio. E são acessados através de seu portal principal.

O texto-mote de hoje é de fevereiro de 2010. Passou pelo grifo do colunista de lá, é claro. Tanto que, no final, ele manifesta, com euforia e baba bovina, o prazer da presença ali de um humorista de televisão. Que destila fofocas preconceituosas e machistas saídas de noitadas onde a fumaça e o cheiro permitem a liberdade de irresponsáveis imprecações.

O humorista é Marcelo Madureira, atualmente desempregado, depois que a Tv onde trabalhava meteu-lhe um pé no traseiro por total falta de graça. O blogueiro é Augusto Nunes, quem mais poderia ser? Os nomes das principais vítimas eu omiti. Por uma questão de respeito e por ter cuidado ao escrever sobre pessoas. Desqualificar figuras públicas em razão de vida particular é tarefa para mensageiros de cloacas.

Não nos interessa saber onde os azevedos, nunes & cia amarram suas éguas noturnas, nem se escondem ossos nos cofres de seus quartos. Seria nivelarmo-nos às suas crônicas diárias que reduzem o valor humano com base na altura física, na circunferência da cintura, nos destilados que supostamente consomem na calada da noite ou nos erros de regência e de concordância.

Já me disseram que estou dando muito confiança para essa canalha. Concordo em parte, mas algo me incita – e excita – com a possibilidade de deixar registrado o podre poder que têm sobre um determinado grupo de pessoas. E que, mesmo chafurdando indignado, ainda encontro prazer ao debochar junto com vocês dessa tropa que vai passar mais quatro anos caindo diariamente do cavalo. Relinchando e dando coices pro ar.

Não sei se, a esta altura, o original ainda está lá no blog. Se estiver, conheçam os nomes dos bois e metam a mão no esterco. Eis o link. Coragem!

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/historia-em-imagens/isto-e-ciro-gomes/

Leiam, a seguir, os trechos que selecionei do casseta e, pra enxovalhar mais um pouquinho, outras pérolas publicadas com a mesma desfaçatez e a mesma irresponsabilidade pelo blogueiro.

Na próxima, termino essa inana contando como, banhado em vaselina, consegui penetrar nos “buracos” deles.

20/02/2010 às 22:11

ATENÇÃO, AMIGOS: ACABA DE APARECER POR AQUI O GRANDE MARCELO MADUREIRA. NÃO PERCAM O SHOW DE BOLA DO CRAQUE:

Quem lhe escreve é o Marcelo Madureira, capo da abominável gangue dos CASSETAS & PLANETA(...) e igualando-se até ao Raul Mascarenhas, o saxofonista da Noite Carioca e dos bistrós parisienses.O Raul é ‘barra-pesada’. No seu curriculum consta a Fafá de Belém (deixou filha), a Cissa Guimarães (deixou filho), a viúva Tom Jobim, a cantora Joyce, a Gal Costa (até ela!), a Lucinha Lins (ex-Ivan Lins), a Ângela Vieira, a Vera Fisher, a Zizi Possi, a Vanda Sá (ex-Edu Lobo), a Cassia Kiss, a Flávia Alessandra (ex-Marco Paulo), a Senadora ...............( * ) e uma infinidade de socialites (dizem que até a Carmen Mayrink Veiga, no início de sua ‘carreira’), que fazem tudo pra ter um ‘caso com o Raul’. E olhe que o Raul é radicado em Paris, França; imagine se ele desse expediente integral no Brasil!…

( * ) Sinto trazer esse assunto escabroso à baila, que atinge um dos deputados mais ‘eminentes’ do país, mas tal tema é recorrente nos botequins pés-sujos da Lapa que freqüento. Ou seja, que o ‘terrivel’ Raul Mascarenhas já ‘tocava saxofone’ na Senadora ................muito antes da separação formal e pública com o Deputado.............. Provas? A Juju Carioca tem um dossiê completo (inclusive com fotos de paparazzi), ao qual tive acesso (imágens a la Arruda!…). A Juju ainda não ‘espalhou a noticia’ em sua coluna semanal do Correio da Paraíba de João Pessoa, mas não se pode confiar muito na sua discrição (é só ouvir o que ela diz no Programa Antônio Carlos da Rádio Globo RJ). (...)Parece que os .................. não apreciam muito que seus líderes se pareçam com um alce canadense! E quando o Brasil inteiro tomar conhecimento disso? Como diria o Ary Barroso, de saudosa memória, quando os atacantes adversários entravam na área do Flamengo: “Eu não quero nem ver!”

Aliás, na Boca Maldita de minha Curitiba é voz corrente que o Ceará é terra mesmo de cornos e baitolas (linguajar local) enrustidos e que por isso mesmo os cearenses (com as honrosas exceções de sempre), sempre que surgem as oportunidades, se vingam dos demais brasileiros, caluniando-os e inventando apelidos desairosos para todos, com o objetivo de ridicularizá-los (coitado do José Serra na próxima campanha!…). Observe só o humorismo do Tom Cavalcanti, que é típico do Ceará. Basta dizer que a cidade de Aracati se orgulha de ser ‘a capital mundial dos apelidos’. Ademais, até o ‘cantor’ e humorista Falcão já insinuou a cornitude de .................. Quem já conviveu com cearenses calhordas sabe bem do que estou dizendo (que coincidência, hein, Deputado.........…?)

Comentário do blogueiro: Salve, grande Marcelo. Você está cada vez melhor. Vamos continuar batendo bola. abração,

Augusto

Agora leiam outros comentários , replicados ou não por Augusto Nunes com a “ delicadeza” que lhe é peculiar:

11/11/2010 às 16:52

Quem escreveu o texto acima foi o Mino Carta.Você tem culhão para chamá-lo de miliciano?

De jeito nenhum. Só duas coisas nos separam. A primeira é o tempo. Eu não conheci o século 19, e portanto não escrevo coisas como “balípodo”. A segunda é o espaço. Há entre nós um abismo de 30 centímetros. Eu tenho 1m86.

04/11/2010 às 8:10

VOCÊ NÃO METE MEDO NEM EM VIÚVA!!!

Não bota a família no meio, milicianopaulo. E não é verdade que eu seja teu padrasto. Intriga da vizinh08/11/2010 às 17:55

Vamos lá oposição!Deixem de ser panacas,omissos,
honrrem a droga do voto que ganharam dia 3.
Não deixem dilminha fazer xixi na cara de vocês
como o abestado do lula.não deixem de novo o pt,
fazer desse país um puteiro como fez lula,
e sua raça nojenta.Vamos lá, oposição!Acorda
pra Jesus!Tenham dignidade, decência,vergonha
na droga da cara.

· 09/11/2010 às 18:35

Senhor Augusto Nunes
É de uma canalhice seus comentários…

Cai fora, analfa. “É de uma canalhice seus”, imbecil? Não aprendeu a escrever, animal? Você só serve para organizar o Enem. Ou para ser ministro da Educação do Lula. Ou da Dilma.