Páginas

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Tão assustados com o quê?



Por Agenor Sereno


Agenor Sereno - nosso homem em Ubá - escreveu este texto no início de 2007. No momento em que a guerra ao tráfico se exacerbou no Rio, as considerações do Sereno ganham nova vida. E revelam-se atuais, passados quase quatro anos. Leiam e reflitam (Carlos T. Moura)

O ano começou do jeito que a mídia gosta: crimes bárbaros e tragédias, que aumentam a audiência e vendem jornais paca. E trazem, a reboque, as soluções simplistas que a direita adora: Forças Armadas nas ruas, redução da maioridade penal, pena de morte e outras coisitas mais.

Falo da direita sim, pois com a devida desculpa ao sr. Presidente, eu, com mais de 60 ainda preservo os valores de um velho esquerdista de boa cepa. Segundo ele, não devo ser normal.

Claro que existem muitas coisas que deveriam e devem ser feitas: maiores investimentos em Segurança Pública, Educação, combate sem tréguas à corrupção, melhor aparelhamento das Polícias, etc,etc,etc.

Mas, será que alguém que tenha um mínimo de lucidez é capaz de imaginar que o traficante de drogas se arma com o que existe de mais moderno e mortífero, comprando de outro traficante do morro?

Isso é coisa de crime organizado, gente. E organizado quer dizer com ramificações em todos os poderes. Não só os convencionais: Executivo, Legislativo e Judiciário. Também poder Econômico, Financeiro, Sociedade Civil, etc.

Por favor, deixem um pouco de lado as Rede Globo e os jornalões, todos capachos do sistemão que nos domina, e leiam autores sérios, que tratam o problema sem sensacionalismo, como por exemplo Luiz Eduardo Soares, ex Secretário Nacional de Segurança Pública que escreveu, entre outros, Violência e Política no Rio de Janeiro, Cabeça de Porco (parceria com MV Bill e Celso Athayde) e o argentino Jorge Beinstein, autor de Capitalismo Senil – A Grande Crise da Economia Global, onde mostra que isso está acontecendo em todo mundo capitalista. Grandes Corporações, dessas que você vê a logomarca delas todo dia na TV, desovam dinheiro sujo financiando tráfico de armas e drogas. Depois, lavam nos famosos paraísos fiscais. Não é coisa de amadores não, meninos. Claro que onde existe uma mínima presença do Estado, os efeitos são menos visíveis.

Vamos atentar que essa escalada de violência se aprofundou no início da década de 90 (após a queda do Muro de Berlim). O Império dominante (sempre bom lembrar que não é só o governo americano, mas também as grandes empresas capitalistas) ficou sem contraponto. Tinha um certo freio. Depois da falência do caduco Socialismo Real, se sentiu à vontade de fazer o que quisessem.

Saudaram o triunfo do Capitalismo. Só “esqueceram” de dizer que Capitalismo, se é EUA, Inglaterra, França, Itália, Alemanha, Canadá, Japão é também Uganda, Haiti, Somália, nordeste e favelas do Brasil, população pobre de Nova Orleans (90% negra), como a enchente desmascarou.

Um estudo recente da ONU mostra que, para toda população do mundo ter o padrão de vida dos sete grandes, era necessária a existência de 05 planetas Terra.

O verdadeiro terror não é negro, de bermudão e AR 15 na mão, gente. É branco, de terno Armani, carrão com motorista, trabalha em ar condicionado, voa em jatinho particular e preside Fundações de Assistência Social. Aqui e lá fora.

domingo, 28 de novembro de 2010

A guerra no Rio, sob a ótica de Jards


Perguntei ao meu amigo Jards Santos – policial civil em Niterói – suas impressões sobre o que está acontecendo no Rio. Foi no sábado de manhã, 27 de novembro. Como sei que Jards é ético e tem uma visão de mundo acurada, voltada para o humano, boto fé no que ele diz. E assino junto. (Carlos T. Moura)

Estou otimista com os fatos. A tomada da Vila Cruzeiro é uma vitória e tanto. Mostrou quem p(h)ode mais.

Diziam que a polícia não entraria ali e no Complexo do Alemão e estão vendo algo diferente.

Os bandidos vão continuar queimando uns carros mas estão com muito medo em outras áreas.

Sei que na favela Nova Holanda os bandidos já estão gritando para os moradores: "Tão gostando, né! É isso que vocês querem." Na Rocinha, tem galões de gasolina espalhados por todos os lados e os bandidos demonstram aos moradores que estão com medo de invasão.

Infelizmente não temos efetivo para entrar em todos os lugares ao mesmo tempo.

Alguns colegas que estavam trabalhando no dia da invasão da Vila Cruzeiro, estavam percebendo um tratamento diferente por parte do comércio em geral. Os comerciantes ofereciam comida e bebida.

O que estragou um pouco a operação na Vila Cruzeiro foram os helicópteros das tvs. Ontem a área de restrição do espaço aéreo foi ampliada.

A polícia negou mas a verdade é que alguns policiais estavam na mata esperando que alguns bandidos pudessem fugir por ali. Só não esperavam aquela quantidade pois achavam que muitos ficariam para confrontar e tentar salvar o "patrimônio". Quando começaram o abate, receberam ordem para parar. Ia ser uma gritaria de OAB, Direitos Humanos e outros. Agiram certo. Preservaram a imagem da polícia. Deixaram atravessar para o Complexo e a população do Rio de Janeiro, que não mora lá e que não trabalha na polícia, viu uma coisa que nunca imaginou. Aquela imagem deu ao problema da violência uma dimensão diferente.

Ontem recuperaram muitas motos, alguns carros, muita carga roubada, droga e algumas armas.

Acho que se a polícia retomar aquela parte da cidade vai melhorar muito. Os imóveis vão dar uma valorizada, o povo daquela região vai ter menos medo, algumas empresas vão poder reabrir as portas. Vai melhorar."


Jards Santos

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O que pensam sobre o que pensa Tombini?

Saiu no sítio da revista Exame, uma notícia interessante sobre o que Tombini pensa sobre a economia. É especialmente interessante lê-la no sítio de uma destacada revista do "mercado". Isso porque a opinião emitida aqui, é a que ecoa pelos corredores das diretorias dos grandes grupos empresariais, principalmente do mercado financeiro.

A escolha de Tombini parece muito boa, pois sua opinião elogia tudo o que o nosso Banco Central tem de melhor, a regulação do mercado e a responsabilidade que o mercado financeiro tem para se garantir. Coisas que o mercado bancário americano não teve, e foi preciso dinheiro público para salvar os bancos das trambicagens financeiras deles próprios.

Um detalhe importante para esse foco: ele é diretor de normas.

Fora isso, em momento nenhum ele faz referência a acertos nas taxas de juros. Pelo contrário, para não concordar com o conservadorismo, "puxa a orelha" do comportamento da instituição com uma delicadeza incrível, chamando-a de "cautelosa"

O trecho a seguir resume bem isso:
O diretor de Normas afirma que a regulação e a supervisão do sistema financeiro no Brasil foram responsáveis pelo êxito do País na crise. “Se no exterior as normas permitiram a realização de empréstimos com base em créditos de natureza duvidosa, no Brasil, o ambiente regulatório desenvolvido pelo banco central, por vezes dito como sendo excessivamente conservador - mas que eu qualificaria mais como cauteloso, eficiente e avançado -, impôs regras firmes que mantiveram a estabilidade do sistema financeiro nacional.”

E porque eu acho essa uma ótima notícia? Porque a imagem que o mercado financeiro faz do governo, pode pesar muito para a imagem a ser construída pela mídia, principalmente se negativa. Basta ver como a mídia vendeu a idéia de que o disparo nos valor do dólar, no Risco Brasil e queda do índice Bovespa era pelo crescimento de Lula nas eleições de 2002.

Aparentemente, teremos alguém com um pensamento progressista, e que poderá colaborar com a meta de Dilma para reduzirmos a taxa de juros real para o patamar de 2%.

Só para termos uma noção, simplificando, a taxa de juros real é diferença entre a taxa Selic e a inflação. O que hoje daria algo na casa dos 6% ao ano.

Matéria completa: http://exame.abril.com.br/economia/politica/noticias/o-que-tombini-pensa-sobre-economia

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Os abastados do Santo Inácio e os excluídos de Além Paraíba

Rádio Nacional - O Primo Rico e o Primo Pobre (Paulo Gracindo e Brandão Filho)


Por Carlos Torres Moura


  • ANEAS Colégio Santo Inácio
    (Entidade de Utilidade Pública Federal)

as mensalidades:

· Pré-Escola II / Educação Infantil - .R$ 1.250,00
1º ao 5º Ano / Ensino Fundamental - R$ 1.200,00
6º ao 9º Ano / Ensino Fundamental - R$ 1.315,00
1ª e 2ª Séries / Ensino Médio - R$ 1.410,00
3ª Série / Ensino Médio - R$ 1.625,00

Eu, que cancelei minha assinatura do Globo dois dias depois do segundo turno, continuo recebendo-o por “cortesia”, sei lá até quando. E o pobre do entregador tem ordens expressas para não aceitá-lo de volta, vejam que loucura!

Ligam quase todos os dias implorando a minha volta. Vejam o quanto eles precisam de nós – qualquer hora me oferecerão o jornal de graça, para manter o índice de circulação.

Danem-se. Fica, no entanto, um “gostinho de sangue” na boca: quanta falta lhes faz um mísero assinante!

Portanto, os filhos do Roberto Marinho continuam aporrinhando minhas manhãs. Passo os olhos pelo desfile diário do circo de horrores das sujas folhas políticas e – pimba! – descubro hoje, 23 de novembro, na página sete, um artigo assinado a sete mãos(!) por um grupo de estudantes do Colégio Sto. Inácio, do Rio.

Advinhem o mote??? Esculhambação ao ENEM.

Não pensem que os meninos, em algum momento, mencionaram a importância do exame para a enorme classe dos adolescentes antes afastados do processo. Claro que não. Indignam-se ao falar em “vazamento “ em 2009, quando todos sabem que o que houve foi roubo, crime. Que aprendam a pesquisar antes no Google.

Tentam desmantelar toda a estrutura do exame, incluindo declaração de Lula. Falam em “fundo do poço na educação”, “ desmerecimento de milhões de estudantes”, ‘ total falta de seriedade e comprometimento do MEC quanto a assuntos educacionais”, “ desrespeito”, “ironia masoquista do presidente da República”, “demonstração de cruel e total descaso”, “ menosprezo e escárnio”, “ auroridades incompetentes” e – bingo! – “ medidas imediatistas e populistas”.

Foi o único momento em que se referiram indiretamente - e ao seu modo - ao caráter democrático do exame e a sua escancarada abertura de oportunidades à legião dos excluídos.

Não, não foi um blogueiro da Veja que assinou o texto.

Foram sete garotos estudantes de um dos mais caros colégios do país (vejam as tabelas no cabeçalho) que não precisam de universidade pública. Se os pais podem pagar o que está aí em cima (excetuando, pra não ser injusto, se houver algum bolsista pobre entre eles), que matriculem-se nas PUCs. Larguem um pouco o osso que seus ascendentes desfrutaram por décadas às custas de nossos impostos.

Enquanto isso, os meninos dos colégios estaduais Sebastião Cerqueira e São José, aqui da pequena Além Paraíba(MG), sorriram - naquele fim de semana ensolarado - por desfrutarem mais uma vez de uma chance que, antes, só era reservada aos filhos dos donos dos casarões.

Só que a alegria desta garotada jamais terá o direito de ser estampada nas páginas do Globo, moradia privilegiada da classe média da Zona Sul carioca.

O Roda Viva com Roberto Freire



A inveja que o ex e futuro Deputado Roberto Freire tem do Presidente Lula é indisfarçável. Em seu personalismo chega ao ponto de dizer que "pra representar tudo que EU penso só sendo EU o candidato". Isso quando foi questionado pelo Paulo sobre por que apoiar Serra.

Pelo primeiro bloco, achei que era um presente do Serra pra ele, como retribuição pelo apoio do PPS na campanha. Algo como, "Vou dar um Roda Viva pra você brincar Roberto. Lá você vai poder falar tudo que não teve chance na campanha. Vai poder criticar o fundamentalismo religioso, o bolsa-família, vai poder dizer que não é aliado do DEM (ex-PFL) sendo que é empregado do Gilberto Kassab (DEM) na Prefeitura de São Paulo, enfim vai poder falar e ser ouvido. Terá todo o espaço que não te demos na campanha porque só importava trazer seu partido pra coligação.".

Mas, pelos blocos seguintes, parece que não entregaram o presente completo. Conseguiu ser ironizado e pressionado até pelo Augusto Nunes (que repetiu a mesma pergunta 3 vezes enquanto o entrevistado tentava responder a diferença atual de esquerda e direita no Brasil). Foi ridicularizado pelo Noblat e pelo Paulo Moreira Leite. "Apanhou" até do jornalista da Folha de São Paulo (Sílvio) que ficava rindo de suas respostas. Até a "Gabi", chegou ao ponto de dizer "3 blocos depois você me respondeu isso"...

Decepcionante pra quem um dia já foi uma referência.


Clique aqui pra assistir ao programa.

sábado, 20 de novembro de 2010

Uma visita às trincheiras da Veja - parte 2


Álcool em Lula, botox na Marisa


Por Carlos T. Moura


Então: eu poderia acrescentar que os dois escudeiros especiais dos esgotos“ vejeiros” têm prosas diferentes. Augusto é um editorialista formado na grande imprensa. Reinaldo é estilista – escreve com o manto da arrogância paulistana e tenta se expor com uma independência absoluta mas....o contracheque vem dos “civitas”.

Cultuam um moto contínuo. Só têm um assunto. Aprofundar-se em questões críticas lhes é impedido pela gestão da casa. Fiéis ao numerário, cumprem o riscado.

Reinaldo usa latim e grego, se for preciso, pra falar de um Lula de Garanhuns. Cita Catulo( no original!), poeta latino, como se jogasse para o ar uma capa dourada, rodopiando num salão pós-moderno da Paulicéia. Desperdício literário já que, pela média das escritas de seus súditos, gasta vela com defuntos ateus. A tropa desengonçada de comentaristas – que vocifera contra o “analfabetismo” de Lula – demonstra, com extrema nitidez que, se leram um livro na vida, deve ter sido de Paulo Coelho ou de José Mauro de Vasconcelos.

O que ponho aqui não é novidade. Luís Nassif já esquadrinhou com maestria o chiqueiro do Reinaldo. Como o processo eleitoral trouxe muito mais gente pra dentro dos blogs – inclusive eu – suponho que o registro seja importante para alguns. Até por acrescentar o outro empregado da família Abril, o funesto Augusto. Que assumiu o desespero público da derrota no programa “ Roda Viva”, daTV Cultura, bancado pelo governo de São Paulo.

As vítimas maiores da gana são Luís Inácio e dona Marisa Silva:

Ufa, faltam poucos dias, prá essa Coisa Ruim calar a boca, não guento mais enxergar essa figura etílica e sebenta na TV, todos os dias desses oito anos de mandato. Cala a boca Mollusco…!!!!!!”

“Do jeito que enche a cara, daqui a pouco nem ele mesmo se lembrará de quem foi Lula.”

“Deixa eu esclarecer uma coisinha: quando digo que deveríamos dividir o país, ou ao menos o Sul do restante de país, não estou declarando guerra a ninguém. Conheço quase que o país todo, tenho muitos amigos nordestinos, inclusive alguns que moram aqui em Curitiba. Só acho, e esta eleição deixou isso muito claro, que o Nordeste e o Sul têm visões diferentes de país. Eu quero separar o Sul, pelo bem do Sul e do Nordeste. A idéia é dividir para crescer.”

“Caro Augusto,

Algo me aflige no apagar dos holofotes da metalurgia de araque.

É o ghost que mantivemos, nababescamente, como 1ª dama nos últimos 8 anos. Terá recall para o seu botox? Conseguirá emitir algum som após tantos anos emudecida e plastificada, quiçá, mumificada? Deixará de sorrir por ausência de “nova versão”?

Dúvidas… dúvidas… dúvidas…”

“Caro Augusto, tomara a gente consiga descansar do palavrório desse analfabeta cachaceiro que envergonha o Brasil.”

“O Vampiro de Curitiba”, você levantou uma excelente discussão. Poderíamos pensar em dividir esse amontoado de estados que alguns chamam de país e sonha-se como Nação em vário países. Dois mapas (o vermelhinho e o azulzinho) ficariam bem mais fáceis de organizar. O que tem a ver um piauiense com um gaúcho ??"

"Olha, acho que está querendo muito de uma antiga baby sitter. Estando calada nao nos envergonha como seu marido. Que mande no maridao, nao estou nem aí. Para mim, nao me fez mal. O que me fez mal e uma profunda decepçao sao 56 milhoes de brasileiros que votarao no lula de batom, na impunidade, na covardia, na petralhice, isso sim me deixa sem saber o que é Brasil. Até o chico caiu a meu ver pelo apoio dado à essa candidatura. Entao, a Marisa é o de menos, nao serviu para nada em termos oficiais, porque nao sabe e sua sensibilidade deve ser outra estória, mas jà serviu à muita gente pessoalmente, imagino.”

“E pensar que já tivemos Ruth Cardoso…”

“Marisa Letícia que já era feia, após o botox ficou horrível, com a cara da martaxa, bem que o lula podia voltar para sua terrinha Garanhauns, nós paulistanos seremos obrigados a respirar o mesmo ar que essa gente.”

“No dia 31/12, vai haver alguém para checar a prataria?”

Que tal? Os comentários foram reproduzidos sem os nomes dos autores, porque quase todos são anônimos, prenomes ou pseudônimos acovardados. Esconder a cara é uma tática fascista. E canalha. Quem não conhece a Ku Klux Klan?

Seria trágico se não fosse ridículo. Os estereótipos estão presentes de ponta a ponta. Com Lula, a condenação a um “ cachaceiro” (não admitem sequer que ela beba uísque – é cachaça 51 mesmo!). Com Dona Marisa, o botox, o cartão corporativo, a cidadania italiana e o seu silêncio durante oito anos. Este foi o que mais os incomodou.

Cobram uma Marisa envolvida em obras sociais. Comparam-na a Rosane Collor. Elogiam a bela senhora Alckmin – personagem socialite dos porões das madrugadas de Amaury Junior. Botam Mônica Serra como exemplo, logo ela, que vai se eternizar no anonimato com o xale da hipocrisia entregando santinha de louça para os mineiros chilenos.

Mas a “ ídola” ´é Ruth Cardoso. A que, dizem as más línguas, se comparada com o marido, fazia dele um tostão furado. A antropóloga agnóstica respeitadíssima (inclusive por Lula) que, num momento de fraqueza, não resistiu a um véu negro e ajoelhou-se no Vaticano, ao lado do sociólogo, diante do Papa. Noblesse oblige, Deus a tenha.

Infelizmente, os comentadores não estão sozinhos. Representam uma significativa parcela da classe média brasileira que não admite a perda de qualquer pedacinho de seus “ direitos adquiridos”.

Surfando durante anos em privilégios – as melhores universidades públicas para seus filhos, os financiamentos imobiliários paternalistas da Caixa, os shopping centers exclusivos e estreitamente vigiados, os aeroportos assépticos em detrimento das rodoviárias infectas, as babás uniformizadas no Leblon e nas novelas da Globo, o direito de não recolher FGTS para os empregados domésticos, o melhor mobiliário urbano em suas ruas de prédios ilegalmente gradeados, os metrôs que primeiro foram construídos para servi-los, as estradas duplicadas e pavimentadas para levá-los às praias e às serras, o acesso ao crédito com juros subsidiados, o fechamento das ruas para conduzir os filhos às escolas particulares, a melhor limpeza pública do mundo em sua porta – viram-se não mais que de repente tendo que dividir a calçada com os esfarrapados.

Alegam que pagam muito por isso tudo. Mas são incapazes de declarar ao Imposto de Renda todos os esqueletos que escondem nos armários.

Portanto, os blogueiros bem pagos pelos imigrantes italianos da Abril são apenas reflexos na natureza humana nacional. Ninguém está aqui para defenestrá-los ou pendurá-los de cabeça pra baixo num poste.

É bom que eles existam. Do contrário, as dramaturgias não teriam os coadjuvantes patéticos que lhes dão alma.

Na próxima, veremos um inacreditável momento da pior imprensa suja brasileira, que a gente pensava que tinha sido enterrada nos anos cinquenta.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Eliane Cantanhêde e o Apoio da Ombudsman

Emails trocados com a Ombudsman da Folha de São Paulo, Sra. Suzana Singer, que está me ajudando na tarefa de conseguir que a colunista Eliane Cantanhêde, responda meus emails. A ordem é debaixo para cima.
-------------------------------------------------------------------------------------



Ok Suzana.

Aguardo as respostas.

Obrigado;

Flávio

--------------------------------------------------------------------------------
Date: Fri, 19 Nov 2010 19:03:15 -0200
From: ombudsma@uol.com.br
To: flaviosereno@hotmail.com
Subject: OMBUDSMAN FOLHA SP
CC: ombconfirmado@folhasp.com.br


Envio feito, Flávio.

Atenciosamente,

Suzana Singer
Ombudsman - Folha de S.Paulo
Al. Barão de Limeira, 425 - 8o. andar
01202-900 - São Paulo - SP
Telefone: 0800 159000
Fax: (11) 3224-3895
ombudsma@uol.com.br
http://www.folha.com.br/ombudsman/

Manifestação:


----- Original Message -----
From: Flávio Sereno Cardoso
To: ombudsma@uol.com.br
Sent: Wednesday, November 17, 2010 9:47 PM
Subject: RE: email Eliane C


Prezada Suzana;

Gostaria sim de que enviasse por favor minhas mensagesn a Eliane Cantanhêde. Segue abaixo meus 3 emails (a ordem é debaixo pra cima) acompanhado dos artigos a que se referem.

Não entendo ela publicar um email abaixo da coluna se não responde os emails dos leitores.

Agradeço sua atenção.

Flávio Sereno Cardoso, 33 - Juiz de Fora - MG


(...)

--------------------------------------------------------------------------------
From: ombudsma@uol.com.br
To: flaviosereno@hotmail.com
Subject: Re: email Eliane C
Date: Tue, 16 Nov 2010 11:21:52 -0200


Flavio,

o e-mail está correto. Caso queira, podemos enviar mensagem sua a ela.

Atenciosamente,

Suzana Singer
Ombudsman - Folha de S.Paulo
Al. Barão de Limeira, 425 - 8o. andar
01202-900 - São Paulo - SP
Telefone: 0800 0159000
Fax: (11) 3224-3895
ombudsma@uol.com.br
http://www.folha.com.br/ombudsman/


----- Original Message -----
From: Flávio Sereno Cardoso
To: ombudsman@uol.com.br
Sent: Monday, November 15, 2010 3:23 PM
Subject: email Eliane C


Por favor, como faço pra mandar email pra colunista Eliane Cantanhêde?

Mandei 3 pelo email que aparece no fim de seus artigos mas não tive nenhuma resposta. Será que está errado?

Obrigado;

Flávio

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Uma visita às trincheiras da Veja – parte 1

Reinaldo Azevedo

Anatomia dos blogs podres da maior revista semanal do país

Por Carlos T. Moura

Maria Arone - 04/11/2010 às 23:34· Para esse velhaco sumir, só um acidente, ou um infarto fulminante. Mesmo morto, é capaz do cara ficar por aí assombrando o Brasil. ( comentário publicado no blog de Augusto Nunes, serviçal dos civitas, em resposta a um artigo sobre o destino de Lula depois do fim dos mandatos)

Na balbúrdia das eleições – pré e pós – tive uma literal recaída. Bati um dia às portas dos blogueiros da Veja. Sabia que eram câmaras de horrores, mas desconhecia sua profundidade infernal.

Os dois principais colunistas – Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo – dominam o pedaço. Seria um paradoxo que, naquele espaço, botassem algo diferente de insultos, preconceitos, vaticínios simplistas e destilação de ódio. Independência crítica, lá, é proibida. Ambos estão ali num claro papel de capachos de seus amos. Ou seja: um suporte atlético e mirabolante à insistente (e inglória!) campanha negativa que Veja destila, há anos, contra Lula, o PT, seus aliados e simpatizantes e, por que não dizer, contra a maior parte do Brasil.

Não poderia ser diferente, são pagos para isso. Não vamos querer que traiam seus patrões, coitados.

São poleiros aconchegantes, para os que gostam da catinga inerente. Livre das páginas impressas, onde se exige um certo pudor - por se tratar de uma revista que frequenta os melhores consultórios do país -, ali se exerce livremente o mais baixo jornalismo. Um vale tudo esperneante e pirotécnico, com a interação de uma platéia voraz e violenta, cujos comentários vão do bruto rancor aos mais deslavados preconceitos sociais. Com a perda da eleição, virou um deus-nos-sacuda.

Sendo um círculo fechado, fica a indagação: para que servem? Se for para uma realimentação do ódio, não vejo resultados práticos. Se naqueles quintais não pousam aves estranhas – e veremos como – qual a graça? Suponho que esse grupo de leitores desarvorados represente economicamente um papel importante nos retornos financeiros da revista. Devem ser consumidores de alta classe: Miami, boiada em Barretos, estátua da liberdade na Barra da Tijuca, outlets em Nova Jérsei, blackberries, neve em Bariloche.

A platéia de Reinaldo Azevedo é mais “ groupie”, próxima ao fanatismo, até porque seu mentor parece padecer de uma psicopatia política. A idolatria leva seus “ súditos” a tratarem-no por "Rei”, vejam a sutileza. Por se julgar majestático, Reinaldo não se digna a responder a seus “escravos”. Seus textos são expelidos como se escritos por Zeus ou por Lúcifer, dependendo do ângulo. Narra como se o mundo inteiro estivesse aos seus pés - todos os políticos, todos os artistas, todos os cientistas, todos os cronistas , a classe média de gravata e a plebe esfarrapada inteira.

Augusto Nunes é diferente. Responde às vezes. Se for um elogio – bom, 99% são– ele escolhe alguns, os que mais lhe puxam o saco. Há mensagens ocultas em que agradece a alguém. Parecem ser informações de cocheira (eu disse cocheira? escapou-se-me a palavra, apud Millôr). Seu brilho se dá mesmo quando desponta um tentando criticá-lo. É imediatamente enxotado a pontapés, com a truculência de um leão de chácara. Tratado por “ petralha “, “miliciano”, “ besta quadrada”, “imbecil”. Tudo com a “finesse” que lhe é peculiar. Tem preferência por massacrar os que cometem erros ortográficos, mostrando-lhes sua intimidade com a flor do Lácio. Embora, por ironia, uma parte de seus servos fanáticos sejam nitidamente iletrados. Poderia pedir ajuda a um aliado recente, o Ferreira Gullar, e procurar saber se ainda está valendo esse negócio de crase não humilhar ninguém.

É impressionante como se dão importância e se levam a sério. Escrevem como se estivessem no Sinai erguendo as tábuas das leis, quando se sabe que sua platéia não enche sequer um campo de futebol de várzea. Frequentá-los durante alguns dias foi um exercício de sadomasoquismo ao qual não me proponho repetir.

Reconheço que os blogs de posições opostas também estão coalhados pelos que aplaudem o colunista. Mas há notórias diferenças. O nível do proseado é infinitamente superior e a presença eventual dos contrários nunca é enxotada aos empurrões. Pelo menos pelo dono da página.

Vou contar aqui, entre outras, como consegui penetrar neles (ops!). Para fazê-lo tive que usar a técnica da paz e do amor e uma boa dose de cinismo, que passou despercebida pela “ suprema inteligência” dos donos. Dá pra rir e chorar. Depois eu continuo.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Eliane Cantanhêde e os emails não respondidos

Email enviado a Eliane Cantanhêde após 3 tentativas sem resposta.
-------------------------------------------------------------------------------------


Prezada Eliane;

Tive dúvidas se estava mandando emails pra você no endereço errado, já que não tive nenhuma resposta dos 3 que enviei. Mas hoje, tirei minha dúvida perguntando ao "Painel do Leitor" que me respondeu, como mostra o email abaixo, que o endereço está correto.

Abaixo também tem cópia dos meus 3 emails e também dos seus 3 artigos aos quais estes emails se referem. O assunto CPMF já não aparece mais no seu artigo de Domingo mas continuo aguardando sua opinião sobre o que perguntei anteriormente.

Não entendo porque divulgar um endereço eletrônico se não for pra responder as dúvidas dos leitores.

Obrigado;

Flávio Sereno Cardoso, 33 - Juiz de Fora - MG




--------------------------------------------------------------------------------

From: leitor@grupofolha.com.br
To: flaviosereno@hotmail.com
Date: Mon, 15 Nov 2010 18:27:59 -0200
Subject: RES: dúvida de email



o e-mail dela está no pé da coluna



elianec@uol.com.br







De: Flávio Sereno Cardoso [mailto:flaviosereno@hotmail.com]
Enviada em: segunda-feira, 15 de novembro de 2010 15:21
Para: leitor@uol.com.br
Assunto: dúvida de email



Boa tarde;

Por favor, gostaria de saber, como faço pra mandar um email pra colunista Eliane Cantanhêde.

Obrigado;

Flávio

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Eliane Cantanhêde e a CPMF (III)

Email enviado a Eliane Cantanhêde, relativo a seu artigo "PS", publicado na Folha de São Paulo do dia 11 de novembro de 2010.
-------------------------------------------------------------------------------------


Prezada Eliane;

Em seu artigo de hoje (PS), você comenta mais uma vez sobre a CPMF. Faço apenas uma correção, ela não era um imposto e sim uma cotribuição. E segundo o jornal que você escreve, em sua versão eletrônica do dia 13 de dezembro de 2007, as diferenças são:



-------------------------------------------------------------------------------------
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u354750.shtml

13/12/2007 - 19h35

Entenda a diferença entre tributos, impostos, taxas e contribuições

Publicidade
ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília

(...)

Imposto - Não há uma destinação específica para os recursos obtidos por meio do recolhimento dos impostos. Em geral, é utilizado para o financiamento de serviços universais, como educação e segurança. Eles podem incidir sobre o patrimônio (como o IPTU e o IPVA), renda (Imposto de Renda) e consumo, como o IPI que é cobrado dos produtores e o ICMS que é pago pelo consumidor.

(...)

Contribuições - elas são divididas em dois grupos: de melhoria ou especiais. No primeiro caso estão as contribuições cobradas em uma situação que representa um benefício ao contribuinte, como uma obra pública que valorizou seu imóvel. Já as contribuições especiais são cobradas quando há uma destinação específica para um determinado grupo, como o PIS (Programa de Integração Social) e Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público), que são direcionados a um fundo dos trabalhadores do setor privado e público.


-------------------------------------------------------------------------------------



Bom, como você comentou do espaço ser pouco pra poder aprofundar todos os temas que gostaria, entendo que seus últimos 3 artigos são na verdade um só, "fatiado".

Perdoe então minha ansiedade em te perguntar 3 dias seguidos, sua opinião sobre a CPMF como forma de fiscalização de movimentação financeira (e inibidora do caixa 2) e principalmente se concorda que ela com uma alíquota de 0,38% deveria incomodar menos que a Confis que tributa 9%. Será que o Jatene tem razão Eliane? Ela incomoda mais porque não dá pra sonegar?

Como seu artigo se chama "PS", concluo que foi o último capítulo da série. Isso me deu a eperança de que agora posso, enfim, ter a minha resposta.


Obrigado;

Flávio Sereno Cardoso, 33 - Juiz de Fora - MG

PS*: Pra facilitar o sentido, neste email tem não só seus 3 artigos como minhas 3 mensgens.

* em homenagem ao título de hoje.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Eliane Cantanhêde e a CPMF (II)

Email enviado a Eliane Cantanhêde, relativo a seu artigo "Herança Maldita", publicado na Folha de São Paulo do dia 11 de novembro de 2010.
-------------------------------------------------------------------------------------



Prezada Eliane;

Em seu artigo de hoje(Herança maldita), você volta a citar a CPMF, assim como nos de domingo (Por quê? Porque Lula quer) e terça-feira (O sobe e desce dos salários ).

Como disse no email que te enviei ontem, continuo muito interessado em saber sua opinião sobre os aspectos relativos ao controle de movimentação financeira que pode ser oferecido por esta contribuição e, principalmente, se esse controle incomoda por inibir o caixa dois das empresas.

Seu colega Fernando Rodrigues, neste mesmo espaço na terça-feira, fez isto. Mas na minha opinião, minha dúvida não se restringe a mentirosos e não é uma bobagem como ele cita logo no início do artigo (O embuste da CPMF).



"Uma mentira repetida mil vezes vira verdade. Uma bobagem também. Por exemplo, o suposto benefício colateral da volta do imposto do cheque: permitir ao governo combater a sonegação por saber exatamente qual é a movimentação financeira oficial de cada brasileiro com conta bancária".



E continua:



"O raciocínio é indigente ou de má-fé. Ou as duas coisas."



E explica:



"Já existem e estão em vigor uma lei e uma instrução normativa da Receita Federal a respeito de movimentações financeiras. Depois que o Senado impediu a renovação do imposto do cheque, no final de 2007, criou-se um novo instrumento: a Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira.
Trata-se de uma declaração que bancos estão obrigados a fazer. Nesse documento devem estar os dados de todos os correntistas cuja movimentação supere R$ 5 mil por semestre. No caso de empresas, o valor é de R$ 10 mil.
"



Indelicadeza dele à parte, discordo de que a nova lei ou uma instituição normativa da Receita, garanta esta fiscalização. O que digamos, aconteceria se os bancos não fornecessem as informações corretas? Sabemos que as instituições financeiras no Brasil (e no mundo), nem sempre revelam sua realidade nua e crua, vide a situação que levou ao PROER, à crise econômica mundial de 2008 e muito mais recentemente, o problema do PanAmericano do Sílvio Santos. Uma contribuição sobre movimentação financeira não deixaria dúvidas quanto ao caminho percorrido pelo dinheiro.

Adib Jatene, citado em coluna da Mônica Bergamo de 2007 nesse mesmo jornal, traz ainda mais uma linha de argumentação pela manutenção, ou retorno falando em dias atuais, da CPMF. Reproduzo abaixo, parte dessa coluna.



------------------------------------------------------------------------------

São Paulo, terça-feira, 13 de novembro de 2007



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

Jatene para Skaf: "Têm que pagar!"


Dedo em riste, falando alto, o cardiologista Adib Jatene, "pai" da CPMF e um dos maiores defensores da contribuição, diz a Paulo Skaf, presidente da Fiesp e que defende o fim do imposto: "No dia em que a riqueza e a herança forem taxadas, nós concordamos com o fim da CPMF. Enquanto vocês não toparem, não concordamos. Os ricos não pagam imposto e por isso o Brasil é tão desigual. Têm que pagar! Os ricos têm que pagar para distribuir renda".

Numa das rodas formadas no jantar beneficente para arrecadar fundos para o Incor, no restaurante A Figueira Rubaiyat, Skaf, cercado por médicos e políticos do PT que apóiam o imposto do cheque, tenta rebater: "Mas, doutor Jatene, a carga no Brasil é muito alta!". E Jatene: "Não é, não! É baixa. Têm que pagar mais". Skaf continua: "A CPMF foi criada para financiar a saúde e o governo tirou o dinheiro da saúde. O senhor não se sente enganado?". E Jatene: "Eu, não! Por que vocês não combatem a Cofins (contribuição para financiamento da seguridade social), que tem alíquota de 9% e arrecada R$ 100 bilhões? A CPMF tem alíquiota de 0,38% e arrecada só R$ 30 bilhões". Skaf diz: "A Cofins não está em pauta. O que está em discussão é a CPMF". "É que a CPMF não dá para sonegar!", diz Jatene.

-------------------------------------------------------------------------------------



Ele aponta talvez uma resposta a minha primeira pergunta do email de ontem Eliane, a CPMF incomoda também porque é a única impossível de sonegar. A comparação de alíquotas e valor arrecadado com a Cofins é emblemática, e aumenta ainda mais meu interesse em que você aborde o assunto em sua coluna (ou por email).


Obrigado e aguardo sua opinião;



Flávio Sereno Cardoso, 33 - Juiz de Fora - MG